Selene Castiel
O som do vento, da água, do próprio silêncio, era quase terapêutico.Se eu fingisse bem o bastante... talvez acreditasse que estava sozinha. Mas eu não estava. Não com aquele olhar queimando nas minhas costas.
Dei outro gole no vinho. Cruel. Amargo. Seco. Apoiando a taça no braço da espreguiçadeira, mordi a maçã de novo. Devagar. Com aquele prazer sádico de quem mastiga o próprio orgulho.
Sim, Caius. Eu sei que você está aí. E eu não vou te olhar. Não vou te dar esse prazer. Cruzei as pernas, ajeitei o cabelo, encostei a cabeça pra trás, respirando fundo, fingindo que o peso daquele olhar nas minhas costas era só... o vento.
Mas ele não se moveu. Não foi embora. Não teve a decência de sumir. E quer saber? Que se dane.
— Se vai ficar plantado aí feito poste... — falei, sem me virar, voz baixa, arrastada, afiada — ...pelo menos aprende a não encarar tanto. Tá feio.
O silêncio dele foi mais alto que qualquer resposta. E eu senti. O corpo dele tensionando. A mandíbula travan