Caius Varella
— Ela está liberada. — a voz do médico foi a sentença que eu sabia que ia doer mais do que aliviar. — Só precisa repouso. Cuidados básicos. E... — ele olhou por cima da prancheta, sério — ...evitar estresse.
Evitar estresse...
Se ele soubesse...
Olhei pra Clara. Sentada na maca. Braço enfaixado. Curativo no supercílio. Olheira profunda. Ombros curvados. Uma versão despedaçada da mulher que um dia eu conheci... e que hoje... só carrega pedaços do que sobrou.
Assinei os papéis. Agradeci, de qualquer jeito. E saímos. Lá fora... O mundo parecia seguir. Os carros passando. As luzes da cidade piscando. Mas, por dentro... o meu mundo tava completamente desmoronado.
O carro esperava na porta. Abri a porta do passageiro. Ela entrou devagar, segurando a costela, apertando o curativo. Dei a volta. Entrei. Fechei a porta. E fiquei ali. Com a mão no volante. Sem ligar. Sem sair.
Porque... pra onde eu levo ela?
Pra minha mãe?
Pra minha casa?
Pra onde, caralho?!
O peito apertava. O maxi