Mari não disse mais nenhuma palavra a Beatriz.
Nos últimos dias, a tensão havia se transformado em um fio cortante entre as duas. Bia mal dormia, seu corpo tremia em silêncio e as náuseas se intensificavam sempre que ouvia passos ou fechaduras girando. A médica, que vinha em horários alternados com o tal “doutor”, já havia notado que a grávida precisava evitar qualquer tipo de sedativo. Mas a Quitéria não parecia se importar.
Mari entendia que qualquer deslize seu — qualquer cochicho, qualquer gesto fora de hora — poderia custar a saúde de Beatriz... ou pior. Por isso, calou-se.
Mas sua mente permanecia em alerta.
Ela aguardou o momento certo, e ele veio.
— Senhora, está faltando absorvente. E alguns mantimentos da lista também acabaram — disse Mari, em tom neutro, ao se aproximar da Quitéria.
A mulher, que contava maços de dinheiro sobre a mesa, ergueu os olhos com tédio.
— Homem não sabe comprar nada...