– A menina começa a adoecer
O calor abafado da fazenda misturava-se ao cheiro de mofo, suor e medo. As noites ali eram longas, sufocantes, e o silêncio só era quebrado pelos soluços contidos e pelas correntes que arrastavam no chão de cimento cru. Mas naquela noite, um novo som começou a se repetir em um dos alojamentos: uma respiração ofegante, entrecortada por gemidos fracos. Depois, um grito.
— Aaaaaah! Me solta! Me solta!
A menina mais jovem entre todas, aquela que diziam ter quinze anos, mas que claramente mal havia entrado na puberdade, se contorcia no colchão fino no chão. Suas mãos arranhavam as laterais da cama improvisada e seus olhos pareciam perdidos no escuro. A pele, pálida e suada. Os lábios, rachados.
— Ela tá queimando de febre... — murmurou uma das outras meninas, tentando se aproximar.
— Fica no seu canto! — gritou um dos homens de guarda, batendo o cassetete contra a grade.
A menina, acuada, voltou a