Duas bestas se enfrentavam. Uma tombou aos pés da outra. Um uivo alto ecoou pela noite, um brado de vitória. O pai então desfez sua forma bestial, agarrou o filho pelos cabelos, o lançou ao chão como quem descarta algo inútil e simplesmente virou as costas para ele. O filho, humilhado e perdido, sem sua amada e sem sua filhote, ficou ali caído, chorando, carregando sozinho o vazio agora em seu peito, e que lhe parecia insuportável.
Quando o frio da noite começou a se dissipar, a fera sombria caminhou até o lago. Não havia explicação alguma para o que sentiu, mas seus ouvidos captaram um som frágil — o choro de uma filhote. Ele seguiu o som, silencioso, atento, até que a viu. E ali, envolta pela neblina da madrugada, estava ela. Para aquela filhote ter resistido ao lago gelado e à noite quase congelante, só podia haver uma razão: ela tinha algo especial.
Ele a tirou da água, segurando-a com atenção e curiosidade. Quando ele viu seus olhos, ele soube. Antes, ambos os olhos da filhote