** Luana Sartori**
O cheiro do campo me invadiu assim que montei Trovão, um cavalo árabe que meu pai havia comprado a dois anos. Enquanto cavalgava a brisa suave que vinha dos vinhedos da Vinícola Sartori me trouxe lembranças antigas, memórias de infância guardadas nas frestas do coração. Era como se eu nunca tivesse ido embora. Cada pedra, cada parreira, cada suspiro daquele lugar fazia parte de mim. Ver aquilo de novo mexia mais comigo do que eu estava disposta a admitir.
O pessoal já se preparava para a colheita das uvas. Em poucos dias, os cachos maduros seriam recolhidos, dando início à mágica transformação que daria origem ao nosso vinho. Cumprimentei os funcionários que ainda lembravam de mim. Beijei bochechas, apertei mãos, sorri até meus músculos doerem. Passei o dia caminhando por cada canto da propriedade - quase como um ritual antes da colheita. Tanta coisa se misturava na paisagem: o cheiro da terra quente, os murmúrios entre os parreirais, o tilintar de ferramentas à di