Julie Swan é a mulher de um soldado convocado para a guerra, o casamento dela é interrompido para que o seu marido cumpra os seus deveres com o país. Claro que Julie protesta contra isso duramente, porém se sente perdida quando toda a sua família apoia a decisão de seu marido, e pior ainda, se orgulha dela. Ela tenta de todo o jeito mudar a opinião do marido sobre isso, mas não consegue, ele está cego por seus deveres sem contar com os perigos que o aguardam em sua empreitada. A única esperança de Julie passa a ser o irmão de seu marido, Ethan, que ela não conhecia, mas passa a odiar quando o conhece. Arrogante e cheio de si, Ethan julga cada passo de Julie e a culpa por seu irmão ter se enterrado em uma cidade do interior. Em uma dinâmica de gato e ratos os dois não se suportam, porém, se desejam em segredo. Quando Luke, marido de Julie parte para cumprir o seu dever todos ficam com o coração na mão, o único consolo de Julie é o seu cunhado, o arrogante Ethan. Quando eles acabam se apaixonando tudo vira de ponta cabeças, já que após ser dado como morto na guerra, Luke retorna para sua casa esperando ainda ter o amor de sua esposa.
Leer másOlá, o meu nome é Julie, e eu sou esposa de um soldado americano.
Eu gosto de me apresentar assim, mesmo que esse título tenha sido imposto a mim a muito e muito tempo, sem que eu quisesse, sem que eu tivesse a chance de recusá-lo.
Eu não escolhi ser a esposa dele, eu não escolhi estar sozinha a tanto tempo eu não escolhi desde muito nova entrar nesse estado.
Mas preciso antes falar um pouco de mim e de como aconteceu toda essa história, de como as coisas do nada viraram para o mais profundo vazio.
Eu tinha dezenove anos, um casamento recém adquirido com um homem lindo de olhos azuis, cabelo curto e loiro e o porte físico que dava inveja a todas as minhas outras amigas.
Eu conheci o Luke da forma mais clichê possível e após tanto tempo sem ser a droga da rainha do baile finalmente alguém me enxergou.
“Você é Julie, não é? Prazer eu sou Luke”
Disse ele que era o homem dos meus sonhos desde que eu estava no jardim da infância. O meu coração se desesperou e quase saiu pela minha boca, era terrível a sensação de ser esmagada pelo meu próprio nervosismo.
“Oi, sim eu sou...”
Era para eu dizer “Eu sou Julie, e eu sonho com você desde que somos mais novos”
Mas não, eu permaneci imóvel olhando para o rosto dele.
“Você quer uma bebida ou coisa parecida? Sabe, quero muito conhecer você melhor”
Ele queria.
E ele me conheceu melhor, me conheceu de todas as formas que um ser humano podia conhecer o outro, ele me colocou nas nuvens e me colocou em um pedestal impossível de eu descer, ele beijou a minha boca com a boca dele que tinha gosto de mentos e às vezes de uísque.
“Eu te amo tanto Julie, tanto mesmo que eu queimaria o mundo inteiro por você”
Ele disse após o nosso invejado casamento em uma cidade pequena, eu estava vestida como uma princesa, falava como uma princesa e tinha os devaneios que uma princesa tem.
Mas nada é fácil e três meses depois a realidade caiu em meu colo.
“Eu não vou aceitar isso Luke, você ficou maluco?”
Eu disse aos prantos com uma carta nas mãos, eu considerava aquela carta uma sentença de morte, enxergava aquilo como uma coisa que deveria ser combatida com todas as forças.
“Eu fui convocado, eu não escolhi passar por isso, não escolhi essa vida e não posso dizer não ao meu país Julie”
“Você pode então dizer um grande dane-se para o nosso casamento, nossa casa, nossa vida? O que eu faço quando eu tiver que enterrar você Luke?”
Eu estava tão indignada que o ar estava faltando, o meu coração estava batendo forte demais para ser contido e dentro de mim todas as coisas se confundiam, não dava mais para voltar atrás, não dava mais para dizer não, ele não podia ser um traidor só porque eu estava morrendo de medo.
“ Ei, Julie, olha para mim”
Ele segurou o meu rosto e limpou as minhas lágrimas uma a uma, me ofereceu o mesmo sorriso que me ofereceu no dia que nos conhecemos, o sorriso que inflamava o meu coração.
“Eu jamais vou abandonar você, eu sou egoísta demais para morrer e deixar você livre para outro cara, acredite em mim, eu vou voltar, nem que seja das profundezas do inferno, apenas para beijar a sua boca de novo, para olhar os seus olhos verdes enquanto fazemos amor, para ouvir você reclamar das botas que eu nunca lembro de deixar para fora da nossa casa, eu vou voltar Julie, eu vou voltar para você meu amor”
Ele me abraçou forte, mas o abraço não me dizia nada, o amor eu já sabia que existia, mas ele não podia prometer que ia voltar, não podia prometer que iria me proteger de ter que enterrá-lo mais cedo ou mais tarde.
Crescemos nesse frenesi da guerra, onde não sabíamos como os parentes alistados voltariam, e mesmo que eu tivesse soldados na minha família, não era tão próxima para sentir como eu estava sentindo pelo meu marido.
Luke era tudo para mim.
Eu me deitei aquele dia a base de remédios, eu ouvi Luke andando pela casa, sussurrando algumas orações bem baixinho torcendo para eu não escutar, ele assim como eu, estava perturbado, mas achava fraqueza demonstrar isso.
Eu me levantei e o abracei enquanto ele olhava a paisagem pela janela do nosso quarto.
“O que faz acordada? É madrugada”
Ele disse com uma voz meio sonolenta.
“Você está com medo amor?”
Eu disse baixinho, eu estava com medo de dizer aquelas palavras em voz alta, não queria deixá-lo ainda pior.
“Estou morrendo de medo Julie, tenho medo de nunca mais ver você, eu sei que prometi que volto, mas a guerra está tão feia, tão...”
Ele não terminou a frase, eu conseguia sentir o coração dele batendo forte demais para ser contido, e eu não estava fazendo nada importante para fazê-lo se sentir melhor, em grande parte por que eu também não sabia o que fazer.
“Eu não consigo esconder o meu desespero Luke, eu, simplesmente não posso perder você, não posso perder o que nós temos aqui”
“Eu sei como você se sente, mas eu não posso te ajudar, por que nem eu estou me ajudando nesse momento, setembro vai chegar bem rápido, e logo eu vou ter que partir. Mas existem alguns arranjos que preciso fazer antes de ir, preciso arrumar a m*****a calha que eu nunca arrumei”
Ele sorriu melancólico olhando para mim, e eu senti tudo se quebrar por dentro, eu não sabia se era bem uma despedida, eu só sabia que eu tinha que aceitar, mesmo que fosse terrível.
Eu me deitei ao lado de Luke e toquei levemente o seu corpo, eu tinha tanta necessidade de estar com ele, meu corpo todo queimava pelas reações que ele tinha, o seu olhar flamejava e as mãos dele permaneciam segurando a minha bunda com força.
“Eu te quero tanto Julie, te quero para sempre”
“Eu daria tudo para você não ir embora Luke”
A língua dele passeando pela minha boca me fazia delirar, o aperto forte de seu abraço em volta da minha boca me fazia pensar em coisas proibidas, me fazia chegar a lugares obscuros dentro de mim, Luke sempre teve o dom de exorcizar os meus demônios e os meus devaneios só com o sabor da sua língua.
Luke tinha um jeito especial de me olhar, uma forma especial de encostar o seu rosto no meu e de se colocar em cima de mim, o ritmo frenético deixava a minha respiração ofegante combinando com a respiração dele, combinava com a forma como ele passava a língua pelo meu corpo, como me preenchia dele, como me chupava sem pena nenhuma dos meus gemidos que saiam entre os meus dentes.
“Eu vou te foder até amanhã” – disse ele me olhando nos olhos, aquela promessa sim ele iria cumprir, aquilo sim era real, eu conseguia sentir o tesão escorrendo pelo meio das minhas pernas cada vez que ele me fodia um pouco mais forte, toda vez que ele me enfiava os dedos em mim.
“Eu vou sentir falta disso” – eu disse entre os dentes tentando lidar com minha cabeça que queimava, queimava como todo o meu corpo também nas mãos dele, na ponta da língua dele.
Ele me deixava louca, de tantas maneiras que eu não conseguia nem contar.
Eu sabia que Ethan não ia parar, mas sabia também que Luke iria até as últimas consequências.O silêncio que ficou depois que Ethan saiu era sufocante, o meu coração estava pesado. Eu sentia minha respiração entrecortada, o peito comprimido pelo horror do que acontecera. Os policiais ainda estavam ali, esperando por mais informações, mas eu não conseguia pensar direito. Minha mente oscilava entre o desespero e a necessidade de agir.Eu não estava em meu juízo perfeito, eu não estava conseguindo raciocinar e só de pensar no perigo que minha filha recém-nascida estava correndo...Estava doendo. Estava doendo muito.Eu não podia ficar ali. Eu não podia simplesmente esperar.A situação era tão sufocante e eu me sentia tão sozinha.Com um esforço doloroso, arranquei os fios dos monitores presos ao meu corpo e forcei minhas pernas a se moverem. Um dos policiais se aproximou, colocando a mão sobre meu ombro."Sra. Flitch, precisa descansar. Vamos cuidar disso."Minha cabeça girou
O som dos monitores ecoava na minha cabeça como um zumbido distante.Meus olhos se abriram devagar, e a luz fria do hospital me cegou por um instante. Tudo estava embaçado, turvo.Eu não sabia onde estava. Não sabia quanto tempo havia passado.Então ouvi a voz dele."Vocês não estão entendendo!"Ethan.Tentei me mexer, mas um peso esmagador me prendia ao colchão. Minha cabeça latejava. Meu rosto ardia.Então vi.Ethan estava ali, de pé, no meio da sala, completamente fora de si."EU JÁ DISSE QUE FOI ELE! MEU IRMÃO! ELE ENTROU AQUI, ELE BATEU NELA E ROUBOU A NOSSA FILHA!"Os policiais tentavam acalmá-lo, mas Ethan estava no limite. Desesperado.Meu peito apertou. Algo dentro de mim gritou.Siena.Meu corpo reagiu antes da minha mente. Eu me ergui na cama de repente, um grito preso na garganta."Siena! Onde está a minha filha?!"Ethan se virou para mim num rompante.Os olhos dele estavam vermelhos, inchados. O olhar mais devastado que já vi em toda a minha vida."Julie… " sua voz falhou
As fotos continuavam chegando, não paravam. Meu coração batia tão forte que doía. Cada nova imagem era um golpe.A sala de estar, nossos porta-retratos substituídos por fotos antigas de Luke e eu, era psicótico, causava dor, era assustador e me dava uma certa pena do nível que ele havia chegado.Eu jamais poderia imaginar que o homem doce com quem eu havia me casado seria capaz de tantos atrocidades, toda a violência que ele presenciou na guerra haviam afetado ele de maneira irreversível. Haviam tornado Luke um monstro. Minha foto grávida com o rosto de Ethan riscado com fúria foi o que mais me chamou atenção, eu sabia que ele iria tentar algo contra mim e principalmente contra Siena. Nosso quarto destruído estava completamente destruído, ele passou em cada cômodo da casa marcando o seu território. TRAIDORES rabiscado na parede, em letras tortas, como um grito silencioso.Minhas mãos tremiam quando Ethan pegou o celular de mim.O silêncio que se seguiu foi mais aterrorizante do qu
Ethan me manteve em seus braços por longos minutos, mas eu ainda tremia. O pânico não passava. Minha mente estava presa naquelas palavras, na ameaça silenciosa que carregavam.Luke nos encontrou.Eu sentia meu coração martelando no peito, a respiração curta, descompassada. Ainda segurava Siena junto ao meu corpo, como se isso pudesse protegê-la de algo que eu não podia ver, mas sabia que estava perto.E então, Ethan se afastou. Com movimentos tensos, ele pegou o celular e discou um número."Ethan… " — minha voz saiu fraca, mas ele nem me olhou.Ele estava tomado por uma fúria gelada, os olhos escurecidos pela determinação." Preciso de uma resposta agora " ele rosnou ao telefone. —"Luke nos encontrou. Ele mandou uma mensagem para a Julie."Silêncio, o silêncio me matava. Eu não sabia com quem Ethan estava falando, eu só sabia que o meu peito parecia querer entrar em combustão espontânea. Ele apertou a mandíbula, os nós dos dedos brancos ao segurar o aparelho com força." Descubra on
Nunca imaginei que recomeçar pudesse ser possível. Por meses, vivi entre o alívio e o medo, tentando me convencer de que estávamos seguros. A cidade grande nos acolheu com seu anonimato, e, por um tempo, me permiti acreditar que tínhamos escapado do passado.Fizemos novas amizades, vivemos novas experiências, Ethan e eu nos amavámos e nos amamos todos os dias mais do que eu havia amado a vida inteira. A vida parecia finalmente entrar no eixo, as experiências do passado foram se apagando da mente de Ethan, pelo menos era o que parecia.Mas nunca se apagavam da minha. Eu estava feliz, mas vivia com medo. Eu tentei regular minhas emoções e seguir em frente, não é isso afinal o que todo mundo faz? Mas nada poderia me preparar para o momento em que Siena nasceu.O parto foi exaustivo. As dores eram intensas, um esforço maior do que qualquer coisa que já vivi. Mas quando ouvi o primeiro choro dela, tudo desapareceu. O mundo se resumia àquele som – forte, vivo, real. Meu coração disparou,
Eu sabia muito bem que eu estava em dívida com aquele canalha recém formado. Eu deveria mesmo ter terminado com aquela história ali mesmo, mas não fui capaz de olhar em seus olhos e ver se apagar a luz da sua alma. Não por ele, mas por meu marido que morreu na guerra. O Luke que um dia ele foi, o Luke que um dia me amou e que eu amei profundamente. Toda aquela história de terror estava perto de acabar, eu acelerei aquele carro o máximo que consegui, em minha direção do lado oposto estava vindo a moto, em cima dela... O homem que com certeza fez de tudo para me salvar. Eu buzinei desesperada e ele parou assim que escutou, encostei o carro e vi ele tirar o capacete parecendo tão aflito que me deu pena, ele estava meio pálido e suas olheiras eram vísiveis em seu rosto. - Julie... - Ele disse correndo em minha direção assim que saí do carro, me deu um abraço mais do que apertado e passou a mão pelo meu rosto ainda com a mesma aflição.- Está tudo bem... Ele me deixou ir embora! Ficou
Último capítulo