Capítulo 3

Todos os músculos do meu corpo estavam tremendo, a firmeza com que Ethan falou do meu maior medo era admirável, embora eu não acreditasse que ele conseguiria convencer o meu marido teimoso de ficar em casa eu joguei o cigarro fora na mesma hora e entrei logo atrás dele, se ele conseguisse eu seria eternamente grata.

“Ethan!” -  gritou Luke e logo se levantou para dar um abraço no irmão, dava para ver a conexão deles apenas por aquele gesto.

- Olá irmão suicida! – disse Ethan debochando da cara do irmão – ainda bem que te peguei vivo!

Eu não podia deixar de sorrir, o cara falou o que eu queria gritar a plenos pulmões sem nenhum problema.

Ethan era um tipo atlético, tinha o cabelo maior do que o do irmão, apesar dos olhos iguais as personalidades eram avessas, dava para ver no rosto dele, em suas expressões e principalmente na forma despreocupada como ele parecia agir com a vida.

- Não começa Ethan! Você mal chegou e já está caçando uma confusão! – disse o meu sogro com uma cara de poucos amigos para o próprio filho, era óbvio que ele era a ovelha negra da família.

Eu era esposa de Ethan, e nunca na vida tinha visto o meu cunhado pessoalmente.

O que posso entender disso é que ele se mandou no momento em que teve chance daquele umbigo do mundo e foi viver experiências que eu e Luke nunca viveríamos em nosso interior confortável.

- Deixa o Ethan pai, é só uma provocação de irmão! – defendeu Luke, ofereceu o seu sorriso lindo ao irmão e disse – Eu senti sua falta palhaço, tem mesmo que levar tanto tempo para aparecer na cidade?

- Eu pretendia nunca mais voltar, o que me fez vir foi o recado da mamãe.

Aquilo me pegou de assalto, ou seja, Luke já tinha dito para a sua mãe que tinha se alistado, provavelmente aquela Julieera recebeu a droga da notícia muito mais cedo do que eu!

Eu olhei diretamente para os olhos de Luke que me encarava sem graça.

A verdade é que eu estava tão nervosa que eu nem notei que Ethan já tinha deixado subentendido em nossa pequena conversa lá fora.

- Então você já sabia Patrícia? – eu disse olhando para ela.

- Claro que sim! Eu sou mãe do Luke... E não precisa fazer essa cara Julie, eu sou mãe dele! – ela disse arrogante.

- Sim, e essa é a minha casa... E essa noite acabou! – eu disse gritando – Acabou!

- JULIE! – gritou a minha mãe.

- Todo mundo para fora! Eu não aguento mais essa noite, e sinceramente eu quero que todo mundo que concorda com essa missão do Luke saia da minha casa, inclusive você Luke! – eu disse olhando firme para ele

- Julie, meu amor, se acalma! – ele chegou mais perto

Ethan olhava a cena todo com um pouco de humor, e isso estava me deixando irritada demais para continuar ignorando.

- E você... eu nem te conheço e você está com essa cara de paspalho rindo do meu surto? – eu disse com o choro preso na minha garganta.

- Eu não estou rindo de você e sim com você, eu disse a mesma coisa a mamãe... – disse Ethan olhando para o irmão – Mas acho que podemos conversar disso amanhã, certo Luke?

Luke não respondeu, apenas fez que sim com a cabeça com o rosto parecendo um tomate de tão vermelho.

- Vamos todos... – disse Ethan enquanto minha mãe colocava a droga da mão no rosto me reprovando por minhas atitudes, meu pai continuava o seu ritual de levantar a lata de cerveja quente, ignorando completamente o mundo externo!

Minha irmã encarava Ethan com tanta voracidade que me dava nojo.

- Eu vou mesmo, não fico onde não sou bem-vinda! – disse Patrícia me encarando enquanto o meu sogro submisso demais para mandar a sua esposa Julie era á merda!

- Amanhã vejo vocês para uma cerveja! – disse Ethan dando mais um abraço no irmão, foram tantos que começaram a fazer sentido apenas como despedida.

- Nos vemos amanhã eu vou enfrentar uma fera agora! – disse Luke tentando manter um sorrisinho tonto no rosto. 

- PARA FORA, TODO MUNDO! – gritei de novo

- E você Ethan, quer ir hoje tomar uma cerveja? – Disse Ashley a minha irmã corrimão.

- Façam o que quiserem só saiam da droga da minha casa!

Eu estava irritada, eu estava avessa a qualquer contato humano, e a cara de riso de Luke não estava me ajudando em nada.

Assim que fechei a porta atrás de mim ele me segurou bem forte, de costas sem deixar que eu me virasse para encará-lo.

- Não estou com vontade de alguma palhaçada Luke! – eu disse me soltando dele.

- Eu sei que você está nervosa, mas olha para mim Julie – ele me puxou mais uma vez – eu já prometi que eu vou voltar vivo!

- Você não pode prometer nada disso Luke, você não pode ter certeza de que não vai acontecer alguma coisa muito ruim, eu consigo sentir, consigo sentir nos meus ossos! – eu disse já começando a soluçar, eu não era chorona, mas aquela situação em particular estava difícil de lidar. Tudo dentro de mim doía de uma forma que me fazia querer morrer.

- Eu te amo! – ele segurou o meu rosto – eu sou completamente louco por você e eu vou fazer de tudo todos os dias para te ver de novo, acredita em mim Julie! – ele quase nunca dizia o meu nome, só quando queria chamar a minha atenção para algo grave.

Eu não consegui responder, as lágrimas iam descendo as minhas emoções iam ficando a mil e o meu coração ia se desfalecendo aos poucos.

Eu tinha um sexto sentido, eu sabia que aquele fato ia mudar a minha vida para sempre, não iríamos passar por aquilo sem que deixasse uma marca enorme no meu peito e no peito de Luke.

Eu conseguia prever o futuro e ele não seria bom.

- Eu te amo... Minha Julie – ele segurou os meus cabelos e beijou a minha boca, o gosto de vinho passou da boca dele para mim e entorpeceu todos os meus sentidos.

- Eu queria odiar você! – eu olhando os olhos dele.

- O que mais me dói é saber que você gostaria mesmo! – sorriu meio melancólico ao mesmo tempo que a campainha tocou.

Eu já estava na frente da porta então atendi prontamente.

- Oi, eu trouxe algumas cervejas e uns amendoins, querem beber comigo? – disse Ethan parado na porta.

Ok, eu deixei o cara entrar, era irmão do meu marido e tudo o que eu queria era alguém para convencer Luke de ficar ao meu lado, naquela cidade pequena, talvez ter dois filhos, participar dos eventos sociais e viver o mesmo dia várias vezes, mesmo que nós estivéssemos juntos. 

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