Ouço a porta bater em minhas costas, ao entrar no apartamento na manhã seguinte, após minha corrida matinal. Estava ofegante e suada, desejando apenas um bom copo de água. Passo pela sala de estar decorada com objetos vintage, ligando a televisão que havia na parede, indo para a cozinha. Enquanto enchia um copo de água, ouvia a mulher do tempo detalhando o clima nos próximos dias. Tomo boa parte da água, soltando o ar dos pulmões, optando por mais um copo. Como nos dias anteriores, havia sido despertada e passado algum tempo diante do notebook, depois de tomar uma xícara de café com Caleb e lutar contra a vontade mútua de transarmos no balcão da cozinha, saí para a cozinha. Fui agraciada por um sonho agitado, durante a noite, com a Dra. Lee, toda vez que eu me esforçava para lembrar das falas, era como se estivesse no mudo e eu não entendesse absolutamente nada. Eu sabia que a Dra. Lee estava lá, pois a mesma falava diretamente comigo. Entretanto, ag
A movimentação de paparazzis era constante diante da mansão de Brian Harris. Estavam todos agrupados, praticamente um em cima do outro, esperando o momento certo para abordarem Beth ou qualquer outra pessoa que se aproximasse daquele portão. Já imaginando por isso, lembrei durante o trajeto até ali da porta no final da propriedade, que ficava dentro da pequena floresta nos fundos da casa. Ando com cuidado por entre o mato, olhando com atenção as folhas secas no chão, que faziam barulho quando pisava nas mesmas. Por um momento, em meio a todo aquele silêncio carregado de paz, achei que estava perdida ou que até mesmo Brian tivesse tirado a porta que dava para aquele lugar. Entretanto, só bastou mais alguns passos, para encontrar escondida atrás da vegetação alta a porta, agora esta só precisava estar aberta. Hesito, antes de segurar a maçaneta e girar, me sentindo ser inundada pelo alívio quando a porta se abre. Fechando a porta atrás de mim, caminh
— Não podemos ficar toda a sessão em silêncio. Respiro fundo, com o olhar fixo no vazio, me mexendo na cadeira.— Não tenho o que falar — murmuro, sem olhar diretamente para a Dra. Lee que estava na minha frente, me olhando atentamente. Nas últimas sessões deixei nítido minha satisfação com tudo que estava acontecendo em minha vida. Meu novo relacionamento que não estava esperando tão cedo, após tudo que Tyler fez, foi o que me fez acreditar novamente no amor, além do coração que tinha em meu peito, que já era uma prova que havia recebido uma nova chance e ainda por cima uma prova de amor ao próximo, já que nem todas as pessoas eram doadores de órgãos. Depois de todos aqueles meses, estava começando a me sentir feliz, realizada. Com tudo que aconteceu, era como se eu estivesse renascendo novamente. Deveria saber ou até mesmo imaginar, que toda aquela calmaria seguida por "dias de sol", estavam prestes a acabar, que logo uma tempestade iria se instaura
Loucura. Era assim que definia a situação ao meu redor.Quando acordei a uma semana atrás em um quarto branco, com apenas uma cama, tive a certeza que estava em um pesadelo. A porta trancada e a janela, denunciaram qual era a minha condição naquele momento e mesmo eu gritando o máximo que eu conseguia, para me soltarem, meus gritos mão foram atendidos. Invés disso, horas mais tarde tentaram me medicar e quando me neguei a engolir os medicamentos, fui forçada. A medicação me deixou ainda mais grogue, diminuindo todas as minhas forças e impedindo que eu pensasse com clareza.Por um período de tempo, permaneci deitada na cama como um boneco de pano em uma posição estranha, encarando um ponto invisível na parede imaculada. Com a minha mente estranhamente vazia, sem nenhum pensamento, como se não fosse capaz nem de produzir meus próprios pensamentos. Acredito que nos primeiros dias presa ali, essa era a minha condição por causa do uso dos medicamentos, mesmo quando não os queria
Na boa parte do tempo, não me sentia dentro do meu corpo, comia sem ter vontade e cumpria minhas necessidades básicas por cumprir. Me sentia no automático. Geralmente quando o efeito estava começando a passar e eu já não sentia toda aquela neblina em minha mente, conseguindo pensar e até mesmo me mover com mais agilidade, era a hora de outra dose dos medicamentos. E sempre era feito da forma mais agressiva possível. Eu sempre acabava os engolindo, por pressão ou até mesmo por acabar sendo machucada por um dos enfermeiros e sempre sentia os mesmos efeitos. Sentia como se a minha mente desligasse, bruscamente, com um puxar de tomada; Depois começava a ver vultos por toda parte, neste caso sempre era Elena e raramente eu dormia. As vezes passava a noite em claro e só conseguia dormir quando amanhecia, não demorando para que o meu sono fosse interrompido por algum dos enfermeiros, para ir tomar café da manhã ou banho de sol. Já estava acostumada com o
— Você vai tomar sim! — O enfermeiro grita sobre mim, apertando a mão com os comprimidos contra a minha boca. Meu maxiliar estava travado com toda força e eu já não tinha forças para continuar lutando contra o enfermeiro, que era duas vezes maior que eu e sem dúvida mais forte. Eu me debatia em baixo dele e movia a minha cabeça sem parar de um lado para o outro, estava completamente suada e sem fôlego, meus gritos já não soavam com força e o peso sobre mim apenas aumentava. Todo dia três vezes ao dia, os enfermeiros passavam nos quartos para a medicação; Todo dia no mesmo horário, poucos ainda relutavam, enquanto a grande maioria não pestanejava mais. Naquele dia, eu decidiria que iria pestanejar, não iria permitir que me dopassem, não quando minha mente já estava tão clara e eu conseguia sentir que eu estava em algum lugar dentro de mim. Nenhum daqueles enfermeiros tinham ideia de como era ser dopado frequentemente, como era nã
— Olá, Rebeca — diz Louise com Smooky, quando entro no prédio, após me despedir de Ana e Paul horas mais tarde. Olho para a senhora de meia idade, com lágrimas nos olhos, não acreditando que estava mesmo diante dela. Nunca fomos de conversar, apenas trocávamos breves palavras mas, nunca me senti tão feliz em ver ela.— Louise — digo abrindo um largo sorriso.— Senti sua falta, menina — Ela me olha de cima a baixo — Estava viajando ou se separou do menino Caleb?— Viajando — Gaguejo, me recompondo.— Que bom — Ela volta a andar — Vocês formam um casal lindo! Observo a senhora sair pela porta, dizendo a mim mesma que se fosse uma alucinação, era a alucinação mais vivida que já tinha tido até aquele momento. Subo os degraus das escadas, segurando com firmeza o corrimão mas, lenta que o normal que sempre subia. Sentia um pouco do efeito dos medicamentos ainda no meu organismo mas, acreditava que um café forte fosse o necessário para me fazer sentir melh
— Você tem certeza? — pergunto tentando disfarçar minha voz trêmula e o nervosismo que havia se apoderado do meu corpo em questão de segundos, sem mencionar que minhas mãos não paravam de suar e meu coração ainda continuava batendo de um jeito estranho em meu peito.— Tem uma ideia melhor? — Caleb pergunta no banco do motorista, com as mãos ainda no volante. Eu não tinha uma ideia melhor do que aquela, mesmo eu pensando e repensando no que estávamos prestes a fazer durante o trajeto. Algo precisava ser feito e parecia que tudo era válido naquele momento. Mas naquele momento, já não me parecia ser uma boa ideia.— O tempo está passando — murmuro.— Tem razão — Caleb desce rapidamente do carro, faço o mesmo engolindo em seco, andando logo atrás dele a medida que se aproxima do tribunal. Havia alguns repórteres do lado de fora, todos a postos, esperando o momento em que Brian seria condenado ou absolvido mas, todos ali já esperavam uma condenação, inclusive Bi