Não sei explicar o alívio que senti, quando recebi alta e soube que iria colocar uma distância novamente entre eu e meus pais. Meu corpo ainda estava rígido, meus movimentos ainda não estavam completos. Era como se estivesse aprendendo novamente a andar e fazer simples movimentos. Louise a todo tempo, agora mais do que antes, ressaltava que precisava de cuidados mais do que nunca e que ficar numa cidade aonde não conhecia ninguém, não iria ajudar.— Você tem que voltar comigo para New York — diz ela, terminando de me arrumar, como se eu tivesse novamente cinco anos e estivesse prestes para ir para a escola. Todo aquele cuidado, todo aquela atenção, estava me irritando. Na verdade, desde o momento em que me dei conta que meus pais estavam em Rochester, isto já me irritou e eu já não sabia como lidar com isto, com eles. Ela penteava meu cabelo com um pouco de mais força do que o necessário, minha cabeça ia para trás contra a minha vontade e
Naquela noite, me vi contente em compartilhar uma refeição com Tyler e Beth. Tyler ainda estava sem acreditar que havia acordado e que estava ali, quase o tempo todo o pegava me olhando fixamente e sempre disfarçava quando eu olhava em sua direção. Ambos fizeram questão de fazer o jantar e senti naquele momento, como se estivesse sendo novamente a protagonista da minha vida. Já havia praticamente um plano já formado em minha mente, que colocaria em prática no dia seguinte. Entretanto, assim que acordo no dia seguinte, sem ajuda de um despertador ou de Beth que ainda dormia, me surpreendi ao pegar Tyler na cozinha preparando o café da manhã. Tyler se assusta ao me perceber em pé diante de dele, levando uma de suas mãos até o coração, perdendo o fôlego por um instante.— Céus, Beca — diz com um sorriso trêmulo no rosto — Não lembro de ser tão silenciosa — Me aproximo do balcão da cozinha, notando que o café da manhã que estava fazendo era bem elaborado. Alg
— Vim por este vídeo, falar diretamente com Sr. Harris, devido a entrevista que publiquei, sem a aprovação do meu chefe e até mesmo do mesmo. Não era da minha real intenção, agredir a imagem do CEO, não esperava que ir contra as regras, principalmente do meu próprio trabalho, fosse causar uma situação tão inadequada ao qual causei por ser irresponsável com as minhas palavras. Fui completamente infeliz em minha colocação, afirmando fatos que não são ao meu respeito ou a respeito dos leitores do jornal. Sabia que estava sofrendo, ainda pelo recente falecimento de sua esposa, Elena Mackenzie, como era conhecida em seu meio artístico e foi completamente inapropriado, mais uma vez, citar seu nome, mesmo sem ter ideia de como era seu casamento. Peço desculpas não somente à família Harris, mas por todos aqueles que se sentiram enojados e peço aos meus colegas de profissão, que aprendam com meu erro e tenham empatia. O vídeo que postei há uma semana, já tinha centenas de visualizaç
Já encarava algum tempo a mulher em minha frente, ouvindo ao longe os carros. Fora daquela sala, não se escutava muita coisa, apenas breves conversas baixas e passos suaves. Prestava atenção em tudo, principalmente os barulhos, menos na psiquiatra com olhos curiosos. A decoração da sala não lembrava um consultório médico, estava tentando associar a algo que me parecia familiar... Havia uma réplica de uma cabeça humana e seu cérebro humano, que eu sabia que se tivesse prestado atenção nas aulas de Anatomia, saberia identificar todas aquelas áreas, mas não estava me esforçando para lembrar, muito menos queria. Além disso, percebi que não havia fotografias dela ou de alguém importante para ela, nada! Era como se não tivesse vida social ou até mesmo alguém que não se importava. Não havia também porta— retratos em minha mesa, fotos com meus pais ou com Beth. Uma vez houve de Tyler e eu, no nosso segundo encontro, mas ele partiu meu coração literalmente (risos)
Nenhuma palavra havia dito, desde que chegamos no restaurante tailandês. Aparentemente Tyler já havia escolhido o que queria comer, diferente de mim, que estava completamente indecisa, me dando conta num impulso de um fato.— Não gosto de comida tailandesa! — digo abruptamente, jogando o cardápio sobre a mesa, assustando não somente Tyler mas, as demais pessoas que estavam nas outras mesas. Tyler olha para as pessoas ao nosso redor, antes de se inclinar para frente.— Mas você sempre comeu.— Antes! — digo sem diminuir meu tom de voz — Você mesmo já me disse que as coisas mudaram. Mudou para mim também — Cruzo os braços sob o peito, com a irritação tomando conta de mim e ao mesmo tempo temendo que Tyler me deixasse ali sozinha com pessoas que não conheciam e, que estavam me julgando naquele momento. O garçom se aproxima, gentilmente perguntando se estava tudo bem e se havíamos escolhido o segundo prato, contra minha vontade, Tyler escolhe algo por mim, qu
Encaro a fachada da casa em frente, com a certeza que a lembrança de Elena não fugiu de nenhum detalhe. Estava da mesma forma, como se até estivesse voltado novamente em uma de suas lembranças. Aperto a campainha da casa, esperando para que alguém vinhesse ao meu encontro. Segundos depois, o portão menor abre e Jonah aparece, sorrindo sem mostrar os dentes, dando um passo para o lado.— Por favor, entre — diz num tom gentil, lanço um meio sorriso em sua direção. A medida que andava, continuo notando que estava tudo como da última vez que estive ali, se fechasse os olhos conseguiria entrar na casa sem me perder, a sensação de familiaridade e a lembrança vivida de Elena, estavam cada vez mais presente. Jonah caminha ao meu lado, em direção da escada de dois andares com janelas e portas de vidro. O caminho de pedras, passava no meio do jardim bem cuidado, com diversos tipos de flores, inalando um perfume delicioso.— Eu vi o vídeo — Ele comenta com o olhar baixo
Ainda estava completamente “anestesiada” naquela noite. Por um momento duvidei que o que havia acontecido horas antes, havia sido real. Naquele dia, não havia voltado para o jornal, passei o restante da tarde com Oliver e Jonah, sem conversamos mais sobre o que levou Oliver até a casa, apenas em silêncio, observando Oliver dormir. Era como se uma parte dentro de mim, ou Elena, precisasse disso. Queria estar perto do filho, ter mesmo que fosse algumas horas perto dele, ciente que mesmo assim, não mudaria tudo o que aconteceu. Não queria me sentir triste diante daquela situação, só que era impossível, continuava a me sentir culpada, mesmo não tendo nada haver com a morte de Elena. No fim da tarde, foi difícil me afastar de Oliver, meu corpo não queria e meu coração apertava de um modo, que nunca senti antes, apenas com o fato de eu pensar nessa possibilidade. Acabou quee com muito custo e com o “coração na mão” fui embora, promet
Oliver ainda dormia tranquilamente, quando Williams se aproximou horas depois. Ainda estávamos no jardim, só que agora dormia em seu carrinho, como se nada tivesse acontecido. Me sentia tecnicamente no céu, em meio a todo aquele verde e o sol que continuava atravessando o topo das árvores. Williams se aproxima com uma bandeja com dois copos do que parecia ser limonada, não hesito em pegar um dos copos e beber um pouco do liquido adocicado. Ficamos em silêncio por mais alguns segundos, até que a mesma pigarreia, arrumando a postura, que já estava mais do que ereta, antes de olhar para mim.— Já havia ouvido falar sobre o que acabei de ver — diz baixo, temendo acordar Oliver — Mas nunca acreditei que fosse verdade, levando uma das mãos até o pescoço — Ele parou de chorar quando ouviu seu coração, o coração da Elena! Realmente era algo surpreendente, até eu mesmo nunca havia presenciado algo do tipo, já havia lido uma matéria