Eu sempre achei que felicidade era barulhenta. Fogos de artifício, declarações dramáticas, playlist épica de fundo. Na prática, descobri que ela pode caber num copo de suco de laranja e três panquecas tortas feitas por um menino de cinco anos às seis e vinte da manhã.
— Mamãe, prova. — Santino empurrou o prato, orgulhoso. A panqueca tinha o formato de um dinossauro que sofreu um pequeno meteoro.
— Delícia. — Mordi com vontade. — Sabe o que está perfeito? O carinho do chef.
Ele sorriu, com aquele dente da frente que insiste em crescer torto. Enzo encostou na bancada, mangas da camisa dobradas. Eu nunca imaginei ele fazendo parte dessa cena. Perceber que as coisas estavam finalmente se encaixando como era no meu sonho, me deixou com um certo alívio no peito.
— Aprovadas? — perguntou.
— Aprovadas. — Fitei os dois. — Eu só tenho uma reclamação.
— Qual? — Santino arregalou os olhos.
— Faltou calda de chocolate.
— Eu sabia! — Ele bateu palmas e correu para a dispensa.
Enzo riu baixinho e se