Samuel caminhava lentamente, escondendo-se atrás das colunas e árvores que cercavam o pátio do orfanato. O vento soprava firme, arrastando folhas secas pelo chão de pedra, enquanto o céu começava a se encobrir com nuvens densas. O som de passos apressados misturava-se ao farfalhar das árvores, e ele soube que estava no caminho certo. Irmã Amália já havia desaparecido do portão. Mas ele sabia que ela não estava longe.
Ele seguiu pela lateral do prédio principal, onde poucos se aventuravam. Era uma área esquecida do orfanato, próxima à antiga estufa que ninguém mais usava. O local tinha sido interditado há anos, após um desabamento parcial do teto, mas alguns sussurravam que servia para conversas discretas entre os funcionários — ou até mesmo para esconder coisas que as crianças não deveriam ver.
Samuel encostou-se à parede fria e úmida, respirando fundo. O ar parecia mais pesado ali, e o silêncio o envolvia de forma quase sufocante. Então ele ouviu. Vozes.
Aproximou-se, sem fazer ba