O coração de Samuel batia tão forte que parecia ecoar pelas paredes velhas da casa. As sombras dançavam ao seu redor enquanto ele, imóvel, tentava silenciar a própria respiração. Quem mais estaria ali? E como soubera daquele lugar?
Os passos voltaram, agora mais lentos, quase hesitantes. O rangido da madeira denunciava o peso de quem caminhava, fazendo Samuel imaginar todos os rostos que poderiam aparecer: algum antigo funcionário do orfanato, um parente perdido, alguém enviado para protegê-lo… ou silenciá-lo?
Ele apertou o punho em torno da lanterna apagada, pronto para se defender se fosse necessário. Não que achasse que poderia contra alguém, mas naquele instante, o medo lhe dava força.
As passadas pararam. Justamente acima dele.
O silêncio que se seguiu foi mais assustador do que qualquer barulho. Até que uma voz, abafada e rouca, ecoou lá de cima.
— Samuel?
Ele congelou. Aquela voz… havia algo familiar, mas também distante, como uma lembrança esquecida.
— Eu sei que você