[Céline]
Eu não sabia exatamente o que esperava encontrar.
Acho que uma parte de mim ainda alimentava aquela ideia infantil de que, quando você entra num lugar “sabendo”, tudo muda. Que, quando você deixa de ser só alvo e passa a ser alguém que enxerga o tabuleiro, as peças ficam mais nítidas, mais simples, mais ordenadas.
Não ficam.
Elas só dóiem mais.
Eu e Riven descemos as escadas principais lado a lado, sem pressa demais, sem lentidão forçada. O tipo de passo que ele parecia ter treinado: presente o suficiente para ser notado, neutro o suficiente para ninguém poder dizer que se sentiu intimidado.
— Lembra do que eu falei — ele murmurou, baixo, enquanto passávamos pelo primeiro grupo de homens perto do hall. — Eu olho os olhos. Você sente o resto.
— Isso não é instrução muito técnica — respondi, na mesma altura.
— Porque não é técnica. É instinto — retrucou. — E, nisso, você anda melhor que muita gente daqui.
Queria acreditar.
O hall estava mais movimentado do que de costume. Caixa