[Céline]
Eu nunca tinha me dado conta de como silêncio também podia pesar numa sala.
Na sala de decisões, ele parecia coisa física.
Auren ainda estava com a testa colada na minha. A mão quente segurava meu pulso, como se quisesse ter certeza de que eu era real, de que ainda estava ali, de que não tinha decidido fugir no meio daquela conversa.
Eu não fugi.
Não porque não tivesse medo.
Mas porque, pela primeira vez desde Draven, eu sabia exatamente de que monstro eu estava me aproximando.
E estava escolhendo assim mesmo.
— Hale acha que eu tenho que transformar você em linha vermelha — Auren murmurou, por fim, a voz raspando na minha boca. — Em limite que ninguém pode tocar.
— Hale é inteligente — respondi, num quase sorriso. — E um pouco dramático.
— Dramático? — o canto da boca dele subiu um milímetro.
— Ele fala como se você não tivesse me transformado nisso desde o primeiro dia em que entrou naquela cela — retruquei. — A diferença é que, agora, você está admitindo em voz alta.
Fenri