Acordei antes do amanhecer.
Ainda era noite, mas meus olhos simplesmente se abriram, como se meu corpo tivesse se adiantado ao relógio. O teto acima de mim parecia mais escuro do que nunca, e por alguns segundos fiquei imóvel, esperando que talvez fosse só um sonho. Mas não era. O dia havia chegado.
O coração batia rápido demais. Sentei-me no futon, respirei fundo, mas o ar não parecia suficiente. A cada inspiração, a ansiedade me apertava o peito, como se estivesse envolto em cordas invisíveis. Olhei em volta do quarto — o tatame limpo, a mesa baixa organizada, a janela fechada. Tudo em ordem. E, ainda assim, dentro de mim, reinava o caos.
Levantei devagar, arrastando os pés até a cozinha. Acendi a luz fraca e comecei a preparar o chá. O gesto era automático: medir as folhas, aquecer a água, esperar o ponto certo. Mas minhas mãos tremiam tanto que algumas folhas caíram fora da chawan. Suspirei, recolhi uma por uma, e quase ri de nervoso. “Nem para isso consigo estar firme hoje”,