Clara
Os dias começaram a pesar.
Entre os treinos com Gabriel, as flores que exigiam mais de mim do que qualquer cliente, e as noites em que Jason me consumia inteira, eu já não sabia mais onde começava ou terminava.
Era prazer. Era necessidade. Era vício.
Mas não era paz. Com Jason nunca era paz.
Eu fingia que estava tudo bem. Fingir era uma das coisas que aprendi a fazer bem cedo na vida. Mas até as flores perceberam que algo em mim murchava um pouco a cada dia. Era inevitável não sentir.
No terceiro dia seguido em que cheguei atrasada para abrir a floricultura, Alex me encarou com o cenho franzido. Como se me esperasse ali por mais tempo que poderia pensar.
— Você está bem? Porque, se não estiver, posso ir embora agora. Mas me diga a verdade. Não precisa fingir pra mim. Aliás, quanto tempo! Você parece ótima.
Sorri, cansada.
— Só estou... exausta. E você? Anda sumido. Está tudo bem?
— Exausta ou emocionalmente sugada? E sim, estou ótimo.
Quase ri. Ele me conhecia bem demais.
—