Alice Kim
A manhã chegou me dando uma voadora no peito. O sol invadiu meu quarto como se fosse credor cobrando boleto atrasado. Me virei na cama, jogando o braço sobre o rosto, tentando fugir da realidade.
Mas como fugir… se a realidade tem 1,90, tatuagem, sorriso torto e cheiro de destruição emocional?
Meu corpo inteiro ainda lembrava. Da mão dele. Da boca. Do toque. Do quase. Do perigo. Da promessa.
E, pior... de como eu queria mais. MUITO mais.
O som de passos no corredor me fez levantar num pulo. Meu cérebro entrou no modo "Sobrevivência em casa compartilhada com o problema". Puxei o moletom mais largo que achei, amarrei o cabelo num coque podre e desci.
Quando dobrei o corredor, dei de cara com ele. Zion. Camisa preta, cabelo meio bagunçado, xícara de café na mão, encostado na bancada como se fosse o dono do lugar. E do meu juízo também.
Ele me olhou. Aquele olhar.
Sorriso no canto da boca. Cara de quem não só sabe o efeito que causa, como faz questão de provocar até a última gota