POV Zion Bellini
Eu estava no estacionamento, encostado no carro, a cabeça latejando, o cigarro queimando entre os dedos. Cada tragada era uma tentativa falha de apagar o gosto dela. Eu sabia que devia ter ido embora, sumido, desaparecido. Mas algo me puxou de volta. Talvez curiosidade. Talvez masoquismo. Talvez só a maldita incapacidade de cortar ela de mim.
Volto para o salão, me escondo num canto. Vejo as luzes, as risadas, os brindes. E então… vejo. Alice. No meio da pista. Ela dança. Com ele. Lorenzo segura a mão dela, o outro braço firme na cintura. Ela ri. Uma risada que eu não ouvia há anos. Um riso que não carrega dor, que não sangra, que não implora.
Ela brilha. Brilha como eu nunca consegui fazer ela brilhar. Brilha como eu nunca vou conseguir. O peito aperta. O estômago revirado. O cigarro cai da minha mão, o chão engole. Eu aperto os punhos. Cada músculo grita para eu avançar, arrancar ela dali, puxar pra mim, morder, beijar, destruir. Mas eu fico. Porque eu sei.
Lorenzo