Zion Bellini
Sabe aquele papo clichê de “a vida é uma merda”? Pois é. No meu caso, não é só um papo. É um roteiro. Eu aprendi cedo que o mundo não é um lugar feito pra quem espera coisas boas.
Meu pai me ensinou isso. Não diretamente, claro. Porque pra ensinar, ele teria que estar presente. E presença nunca foi o forte do Ricardo Bellini.
Ele me abandonou.
Não só a mim, mas à minha mãe também. Deixou a gente quando ela mais precisou. Quando ela adoeceu… ele não tava lá. Não pra segurar a mão dela, não pra ajudar nas contas, não pra me ensinar a ser homem. Sumiu. Desapareceu como quem apaga um arquivo que não quer mais ver.
E eu? Cresci assistindo minha mãe se esfarelar. Vi ela lutar, vi ela quase perder, vi ela se reconstruir sozinha. E tudo isso… com uma doença filha da puta rondando ela feito urubu.
O que meu pai não sabe... é que cada mensagem que eu recebo, cada ligação que faz meu celular vibrar, vem carregada desse medo. O medo de que a doença volte. O medo de perder a única pess