Guilherme
Meu pai me puxou pelos ombros, firme, mas com carinho.
— Vamos, Guilherme. Chega por hoje. Você já fez o que precisava.
Só assenti com a cabeça. A voz parecia presa em algum canto do peito, o mesmo lugar onde ela tinha acabado de cravar mais uma fuga.
Estela.
Entramos no carro. O caminho de volta pra Itajubá foi um silêncio pesado, espesso. A estrada passava lá fora, os faróis desenhando sombras que iam e vinham como pensamentos que eu não conseguia controlar. Me peguei imaginando se ela já estava no quarto, se ainda chorava, se pensava em mim… ou se me odiava.
E talvez eu merecesse ser odiado mesmo.
Quando paramos em frente ao meu prédio, meu pai cortou o motor e se virou pra mim com aquele olhar de quem quer ajudar, mas não sabe como.
— Quer que eu e sua mãe fiquemos aqui hoje?
Respirei fundo, tentando parecer inteiro.
— Não precisa, pai. Eu vou tentar dormir. Tenho plantão cedo.
Ele assentiu, mas vi no olhar dele que não acreditou nem por um segundo. E nem eu.
Desci, entr