Samantha Taylor Lancaster
O relógio na parede marcava 23h27.
O ponteiro dos segundos avançava com uma precisão cruel, produzindo um tique-taque ritmado e constante, zombando da minha ansiedade. A cada clique metálico, sentia a pulsação apertar nos meus ouvidos. Mas eu não me importava. Não com o som. Não com o tempo.
Meus pensamentos estavam muito longe dali.
A sala do meu pequeno apartamento estava mergulhada na penumbra, banhada apenas pela luz fraca do abajur âmbar sobre a mesa lateral. O brilho suave projetava sombras longas nas paredes, contornos que dançavam com o vento que entrava pela janela entreaberta, carregando consigo o cheiro da noite chuvosa.
Do sofá, onde eu estava sentada, observava a taça de vinho na minha mão. Meus dedos tamborilavam contra o vidro com impaciência, mas o som abafado não quebrava o silêncio sufocante que me envolvia. O vinho tinto, encorpado, escolhido a dedo, era amargo e forte, como a noite que se desenrolava diante de mim.
Eu esperava.
Esperava pe