Liam dirigia como se o próprio inferno estivesse em seu encalço. O carro cortava as ruas da cidade em alta velocidade, os faróis iluminando o caminho, cada segundo era precioso demais para ser desperdiçado. Dentro do veículo, o silêncio era denso, quase sufocante. Kaleb e Liam trocavam olhares preocupados, mas nenhum dos dois dizia uma palavra. Qualquer tentativa de amenizar a situação seria inútil.Jacob estava imóvel no banco do passageiro, sua inquietação era evidente. Seus dedos tremiam levemente enquanto passavam pelos cabelos, puxando-os para trás, como se a dor física pudesse, de alguma forma, aliviar o caos dentro dele. Seu peito subia e descia rapidamente, sua respiração era entrecortada, quase ofegante. O medo esmagava seus ombros, uma sombra gélida apertando seu coração.— Jacob… — Liam começou, sua voz baixa, tentando ao menos arrancar uma reação do amigo.Ele sequer piscou. Estava ali, mas não estava. Sua mente já havia corrido para o hospital, para o quarto onde Joshua
Jacob caminhava ao lado do médico com o coração acelerado. Finalmente, Dr. Lincoln parou diante de uma sala pequena e indicou que entrassem.Jacob hesitou por um breve momento antes de seguir o Dr. Lincoln. O ambiente era simples, funcional, mas naquele instante parecia mais frio do que qualquer outro lugar no hospital. As paredes brancas e impessoais, a luz fluorescente que lançava sombras duras sobre a mesa de madeira, o silêncio do médico, tudo favorecia o aumento da angústia que crescia em seu peito..Seu coração martelava dentro do peito como um tambor de guerra, mas ele sabia que precisava se manter forte pelo filho. Sentou-se lentamente, sua postura era tensa, como se estivesse prestes a enfrentar um julgamento do qual não poderia escapar. Ele apoiou os cotovelos na mesa, entrelaçando os dedos, enquanto sua perna balançava freneticamente sob a cadeira.Liam e Kaleb entraram logo atrás, mantendo uma distância respeitosa, prontos para apoiá-lo.Dr. Lincoln suspirou, pegando uma p
O hospital estava silencioso naquele final de tarde, mas dentro do coração de Luna, havia uma tempestade. Suas mãos estavam frias, os dedos levemente trêmulos enquanto caminhava ao lado de Mia e Valentina pelos corredores brancos e inflexíveis daquele prédio. Cada passo ecoava com um peso invisível, como se as paredes soubessem o que estava por vir. O ar parecia denso demais, carregado de algo que ela não conseguia nomear, apenas doía. Uma angústia surda, uma dor crescente que apertava seu peito cada vez que olhava para a filha, tão pequena, tão cheia de vida, sem saber o que se escondia por trás daquele reencontro.Seu coração batia forte contra o peito. Uma parte dela desejava correr para longe, mas a outra parte, a mais forte, a empurrava para frente. Algo dentro dela dizia que as coisas estavam prestes a mudar. De forma definitiva.Assim que virou o corredor, seu olhar foi direto para a lanchonete do hospital. Ali estava ele.Jacob.Sentado sozinho em uma das cadeiras de metal, c
O silêncio no luxuoso apartamento foi interrompido pelo som cortante do celular de Samantha vibrando sobre a mesa de vidro. Ela revirou os olhos, impaciente, interrompendo sua discussão com Scarlet. A advogada esperava com a pasta de documentos aberta, aguardando a assinatura que nunca viria.— O que é, mãe? — atendeu sem cerimônia, com o tom carregado de tédio.Do outro lado da linha, a voz da mulher soou afiada como uma lâmina.— Joshua acabou de ser hospitalizado.Por um momento, Samantha ficou em silêncio. Seus dedos deslizavam levemente sobre a borda da taça de vinho que segurava, seus olhos permaneciam frios sem qualquer vestígio de emoção.— E daí? O que eu tenho a ver com aquele bastardo? — disse, desinteressada, levando a taça aos lábios.Do outro lado, sua mãe suspirou, impaciente.— Samantha, por acaso ainda está nos seus planos salvar esse casamento? Se sim, aconselho começar revendo seus métodos — a voz da mulher se tornou mais dura. — Como mãe de Joshua, deve estar ao la
Anthony respirou fundo antes de tocar a campainha do apartamento. O ar ao seu redor parecia mais pesado do que nunca, como um presságio sombrio pairando sobre ele. Seus dedos hesitaram por um instante sobre o botão, algo dentro dele gritou que era melhor recuar, mas ele ignorou. Não podia falhar com o amigo. Havia promessas silenciosas entre eles, pactos não ditos que ultrapassavam os limites da amizade.Ele tocou a campainha.A porta se abriu, revelando uma mulher de olhos vermelhos e expressão devastada.— Há muito tempo espero por você… — disse a mulher, com a voz embargada, carregada de um luto profundo.Anthony franziu o cenho, confuso e com um leve movimento de cabeça, entrou. Assim que passou pela soleira, um arrepio gelado percorreu sua espinha. O apartamento, apesar de limpo e organizado, exalava um peso invisível, cada canto estava saturado de tristeza. O silêncio ali não era apenas ausência de som. Era presença de dor. Um silêncio fúnebre, denso, parecia colar na pele como
Joshua finalmente estava estável e tinha sido transferido da UTI para um dos quartos da ala pediátrica. O quarto era amplo e iluminado pela luz suave do fim da tarde, mas o que tornava especial aquele momento era o calor humano que preenchia o ambiente.Valentina permanecia ao lado dele, sentada na beirada da cama, com as perninhas balançando. Ela acariciava os fios loiros do amigo com a ponta dos dedos, em um gesto cheio de ternura e cuidado, enquanto sussurrava algo que só os dois ouviam.Todos no quarto olhavam maravilhados para a cena. A conexão entre os dois era mais do que amizade. Era algo profundo, visceral, que ultrapassa a compreensão racional.Katerina e Ethan estavam sentados em poltronas próximas à cama do neto. Et
A lanchonete do hospital estava silenciosa, com poucas pessoas espalhadas pelas mesas. O cheiro de café recém-passado e frituras pairava no ar, mas Jacob mal prestava atenção nisso. Seu olhar estava fixo na mulher à sua frente, Samantha, que mexia no canudo do suco sem realmente bebê-lo.Ela parecia tranquila, mas Jacob sabia que tudo ali era uma encenação.— Joshua está respondendo bem ao tratamento, mas os médicos acreditam que a melhor opção é o transplante de medula.Samantha arqueou levemente as sobrancelhas, fingindo uma surpresa que não convenceu Jacob nem por um segundo.— Transplante? — repetiu ela, estreitando os olhos. — Isso é sério, Jacob?Ele respirou fundo, analisando cada movimento da esposa.Ela não estava chocada, nem parecia preocupada. Estava atuando e isso deixava Jacob cada vez mais irritado.— Existe algo que queira me contar, Samantha? — Jacob perguntou, sua voz saindo mais baixa do que o normal, mesmo assim carregada de um peso invisível.Samantha piscou algum
O silêncio pesado que tomou conta da lanchonete foi brutal. O burburinho dos clientes morreu, os talheres repousaram nas mesas e até o som das fritadeiras pareceu cessar. Jacob não via mais ninguém.A única coisa que ele enxergava era o ódio puro nos olhos da mulher que um dia tentou amar e a maneira venenosa como os lábios dela se curvaram antes de disparar as palavras que o fizeram explodir.— Está preocupado porque sua bastardinha escutou tudo, não é? — Samantha cuspiu as palavras com escárnio, os olhos brilhando de crueldade.Jacob paralisou.Seu corpo ficou rígido, a raiva queimando por dentro como fogo líquido. Sua mandíbula trincou e, por um breve instante, o mundo perdeu o som. Tudo o que existia era o eco daquelas palavras horríveis e o medo dilacerante que o atingiu como uma lâmina afiada.“Valentina escutou?” “Minha filha escutou isso?”Em um piscar de olhos, Jacob se moveu sem pensar e num ímpeto de fúria, agarrou o braço de Samantha com firmeza, puxando-a para perto. Seu