O dia havia começado como qualquer outro. Reuniões, contratos, decisões importantes. Mas um telefonema foi o suficiente para que tudo ao redor perdesse sentido.Jacob estava na empresa, tentando manter a concentração nos números e documentos à sua frente, mas sua mente estava inquieta. O telefonema de Anthony, logo cedo, ainda ecoava em sua cabeça.— Já desembarquei no Canadá. Assim que eu deixar minha mala no hotel, irei até o endereço da enfermeira.Essas palavras martelavam em sua mente sem parar. Ele sabia que estava muito próximo da verdade, mas será que estava pronto para ouvi-la?O que realmente aconteceu naquela noite de 13 de outubro?Um frio percorreu sua espinha, como um presságio de que algo ainda pior estava por vir.E veio.A porta de sua sala foi aberta abruptamente. A expressão de sua secretária fez o sangue de Jacob gelar no mesmo instante.O rosto dela estava pálido, os olhos arregalados de pavor.— Senhor Lancaster… — ela hesitou, a voz embargada pelo medo.O coraçã
Liam dirigia como se o próprio inferno estivesse em seu encalço. O carro cortava as ruas da cidade em alta velocidade, os faróis iluminando o caminho, cada segundo era precioso demais para ser desperdiçado. Dentro do veículo, o silêncio era denso, quase sufocante. Kaleb e Liam trocavam olhares preocupados, mas nenhum dos dois dizia uma palavra. Qualquer tentativa de amenizar a situação seria inútil.Jacob estava imóvel no banco do passageiro, sua inquietação era evidente. Seus dedos tremiam levemente enquanto passavam pelos cabelos, puxando-os para trás, como se a dor física pudesse, de alguma forma, aliviar o caos dentro dele. Seu peito subia e descia rapidamente, sua respiração era entrecortada, quase ofegante. O medo esmagava seus ombros, uma sombra gélida apertando seu coração.— Jacob… — Liam começou, sua voz baixa, tentando ao menos arrancar uma reação do amigo.Ele sequer piscou. Estava ali, mas não estava. Sua mente já havia corrido para o hospital, para o quarto onde Joshua
Jacob caminhava ao lado do médico com o coração acelerado. Finalmente, Dr. Lincoln parou diante de uma sala pequena e indicou que entrassem.Jacob hesitou por um breve momento antes de seguir o Dr. Lincoln. O ambiente era simples, funcional, mas naquele instante parecia mais frio do que qualquer outro lugar no hospital. As paredes brancas e impessoais, a luz fluorescente que lançava sombras duras sobre a mesa de madeira, o silêncio do médico, tudo favorecia o aumento da angústia que crescia em seu peito..Seu coração martelava dentro do peito como um tambor de guerra, mas ele sabia que precisava se manter forte pelo filho. Sentou-se lentamente, sua postura era tensa, como se estivesse prestes a enfrentar um julgamento do qual não poderia escapar. Ele apoiou os cotovelos na mesa, entrelaçando os dedos, enquanto sua perna balançava freneticamente sob a cadeira.Liam e Kaleb entraram logo atrás, mantendo uma distância respeitosa, prontos para apoiá-lo.Dr. Lincoln suspirou, pegando uma p
O hospital estava silencioso naquele final de tarde, mas dentro do coração de Luna, havia uma tempestade. Suas mãos estavam frias, os dedos levemente trêmulos enquanto caminhava ao lado de Mia e Valentina pelos corredores brancos e inflexíveis daquele prédio. Cada passo ecoava com um peso invisível, como se as paredes soubessem o que estava por vir. O ar parecia denso demais, carregado de algo que ela não conseguia nomear, apenas doía. Uma angústia surda, uma dor crescente que apertava seu peito cada vez que olhava para a filha, tão pequena, tão cheia de vida, sem saber o que se escondia por trás daquele reencontro.Seu coração batia forte contra o peito. Uma parte dela desejava correr para longe, mas a outra parte, a mais forte, a empurrava para frente. Algo dentro dela dizia que as coisas estavam prestes a mudar. De forma definitiva.Assim que virou o corredor, seu olhar foi direto para a lanchonete do hospital. Ali estava ele.Jacob.Sentado sozinho em uma das cadeiras de metal, c
O silêncio no luxuoso apartamento foi interrompido pelo som cortante do celular de Samantha vibrando sobre a mesa de vidro. Ela revirou os olhos, impaciente, interrompendo sua discussão com Scarlet. A advogada esperava com a pasta de documentos aberta, aguardando a assinatura que nunca viria.— O que é, mãe? — atendeu sem cerimônia, com o tom carregado de tédio.Do outro lado da linha, a voz da mulher soou afiada como uma lâmina.— Joshua acabou de ser hospitalizado.Por um momento, Samantha ficou em silêncio. Seus dedos deslizavam levemente sobre a borda da taça de vinho que segurava, seus olhos permaneciam frios sem qualquer vestígio de emoção.— E daí? O que eu tenho a ver com aquele bastardo? — disse, desinteressada, levando a taça aos lábios.Do outro lado, sua mãe suspirou, impaciente.— Samantha, por acaso ainda está nos seus planos salvar esse casamento? Se sim, aconselho começar revendo seus métodos — a voz da mulher se tornou mais dura. — Como mãe de Joshua, deve estar ao la
Anthony respirou fundo antes de tocar a campainha do apartamento. O ar ao seu redor parecia mais pesado do que nunca, como um presságio sombrio pairando sobre ele. Seus dedos hesitaram por um instante sobre o botão, algo dentro dele gritou que era melhor recuar, mas ele ignorou. Não podia falhar com o amigo. Havia promessas silenciosas entre eles, pactos não ditos que ultrapassavam os limites da amizade.Ele tocou a campainha.A porta se abriu, revelando uma mulher de olhos vermelhos e expressão devastada.— Há muito tempo espero por você… — disse a mulher, com a voz embargada, carregada de um luto profundo.Anthony franziu o cenho, confuso e com um leve movimento de cabeça, entrou. Assim que passou pela soleira, um arrepio gelado percorreu sua espinha. O apartamento, apesar de limpo e organizado, exalava um peso invisível, cada canto estava saturado de tristeza. O silêncio ali não era apenas ausência de som. Era presença de dor. Um silêncio fúnebre, denso, parecia colar na pele como
Joshua finalmente estava estável e tinha sido transferido da UTI para um dos quartos da ala pediátrica. O quarto era amplo e iluminado pela luz suave do fim da tarde, mas o que tornava especial aquele momento era o calor humano que preenchia o ambiente.Valentina permanecia ao lado dele, sentada na beirada da cama, com as perninhas balançando. Ela acariciava os fios loiros do amigo com a ponta dos dedos, em um gesto cheio de ternura e cuidado, enquanto sussurrava algo que só os dois ouviam.Todos no quarto olhavam maravilhados para a cena. A conexão entre os dois era mais do que amizade. Era algo profundo, visceral, que ultrapassa a compreensão racional.Katerina e Ethan estavam sentados em poltronas próximas à cama do neto. Et
A lanchonete do hospital estava silenciosa, com poucas pessoas espalhadas pelas mesas. O cheiro de café recém-passado e frituras pairava no ar, mas Jacob mal prestava atenção nisso. Seu olhar estava fixo na mulher à sua frente, Samantha, que mexia no canudo do suco sem realmente bebê-lo.Ela parecia tranquila, mas Jacob sabia que tudo ali era uma encenação.— Joshua está respondendo bem ao tratamento, mas os médicos acreditam que a melhor opção é o transplante de medula.Samantha arqueou levemente as sobrancelhas, fingindo uma surpresa que não convenceu Jacob nem por um segundo.— Transplante? — repetiu ela, estreitando os olhos. — Isso é sério, Jacob?Ele respirou fundo, analisando cada movimento da esposa.Ela não estava chocada, nem parecia preocupada. Estava atuando e isso deixava Jacob cada vez mais irritado.— Existe algo que queira me contar, Samantha? — Jacob perguntou, sua voz saindo mais baixa do que o normal, mesmo assim carregada de um peso invisível.Samantha piscou algum