Jacob Alexander Lancaster
Apoiei as costas contra a parede fria do corredor dos fundos, soltando um suspiro pesado. O barulho da boate ainda vibrava ao fundo, abafado pelas paredes grossas, mas ali estava um pouco mais silencioso.
Então, percebi algo estranho: Eu estava sorrindo.
Não era um daqueles sorrisos treinados, forçados, que eu usava em reuniões de negócios ou eventos sociais, era um sorriso genuíno.
O mais impressionante é que foi tudo por causa de uma bartender atrevida que me olhou nos olhos e disse, sem hesitar, que eu era um riquinho mimado, imagina se ela soubesse que eu sou o noivo?
Noivo…
É incrível que nos dias de hoje ainda existam casamentos por contrato, ao invés de evoluirmos, estamos dando um passo para trás.
Patético isso, não?
Levo o copo aos lábios e degusto a minha bebida.
— Que porra é essa que estou tomando? — olho para meu copo tentando decifrar o que estou tomando e não consigo deixar de pensar nela.
“Luna”…
O nome dela ecoou na minha mente enquanto eu passava as mãos pelos cabelos, tentando ignorar o calor repentino que subiu pelo meu peito. A habilidade que ela lidava com aquelas garrafas, a maneira que ela mordia os lábios enquanto preparava o drink…
“Jacob, enlouqueceu cara?”
— Aí está você, porra! — A voz de Kaleb me tirou dos devaneios. Ele chegou esbaforido, as bochechas vermelhas pelo álcool, com Anthony e Liam logo atrás, ambos com expressões divertidas.
— Achei que tivesse sido sequestrado — Anthony zombou, cruzando os braços. — Não seria a primeira vez que você some para escapar de algo.
— Ou alguém — Liam completou, com um sorriso malicioso.
Kaleb lançou um olhar avaliador ao redor e se aproximou com um sorriso carregado de segundas intenções.
— Pensei que tivesse fugido para um show particular.
Rolei os olhos e empurrei Kaleb para longe.
— Eu só queria um pouco de paz antes que vocês resolvessem me doar, como presente, para aquelas strippers.
— Você está reclamando do quê, porra? — Kaleb soltou uma risada. — Tem caras por aí que pagariam para estar no seu lugar!
— Bem, ele já pagou. No caso, para a bartender — Liam gargalhou.
— O quê? — meu olhar se estreitou no mesmo instante.
Anthony ergueu as mãos, fingindo inocência.
— Relaxa, cara. Eu só vi você no bar conversando com a loirinha — ele estreitou os olhos e seu sorriso se alargou. — Parecia que estava se divertindo… ou será que foi impressão minha?
Merda.
Virei ligeiramente, jogando o peso do corpo contra a parede para não demonstrar nada.
— Ela só fez um drink decente — Dei de ombros, tentando parecer indiferente. — Diferente dessa porcaria cara que servem aqui.
— Aham — Kaleb deu um risinho.
Ignorei a provocação e encarei Anthony.
— Podemos ir embora? Ou vocês querem mais uma rodada de humilhação pública?
— Você sabe que pode fugir do casamento, né? — Anthony riu.
Minha risada seca ecoou pelo corredor.
— Posso? Não pareceu uma opção quando meu pai e seu sócio decidiram por mim.
Liam me observou por um momento antes de perguntar:
— E Samantha? Você já falou com ela sobre isso?
Meu corpo enrijeceu.
— Ela sabe que é só um contrato — minha voz saiu firme, mas algo dentro de mim se remexeu desconfortável.
Kaleb bufou.
— Cara, ela te ama há anos, não é? Isso não vai acabar bem.
— Não há escolha, e vocês sabem disso — suspirei, sentindo a irritação crescer.
Liam assentiu, mas seu olhar dizia que ele não estava totalmente convencido.
Anthony, no entanto, ainda parecia se divertir às minhas custas.
— Bom, casamento de conveniência ou não… você parecia muito mais interessado naquela bartender do que na sua própria noiva.
Por uma fração de segundo, meu corpo ficou tenso e eu congelei. Eu não poderia, de jeito nenhum, admitir que Anthony estava certo. Então, passei por ele e joguei um sorriso convencido.
— A bartender? — ergui uma sobrancelha. — Ela foi um momento de diversão, nada além disso.
Enquanto dizia isso, meus olhos involuntariamente voltaram para o bar.Foi quando a vi. Luna… Ela estava sorrindo.
Não para mim, e sim para uma garota que segurava um drink colorido nas mãos. Algo que ela disse fez a cliente gargalhar e eu vi, por um breve instante, o brilho autêntico em seus olhos.
Ela tinha algo tão diferente… tão real.
Era só eu desviar o olhar e seguir em frente, mas algo dentro de mim resistiu. De alguma forma inexplicável, eu sabia que aquela não seria a última vez que nossos caminhos iriam se cruzar.
Algumas conexões simplesmente não podem ser evitadas.