2- Fomos aceitas na Brigada

Luara

A atmosfera na universidade era sufocante, um mar de lágrimas e sussurros sobre a tragédia da noite anterior. Professores com rostos cansados, a vida para todos parecia um fardo pesado demais para carregar.

Encontrei Adrian perto do bebedouro, a cabeça baixa, uma sombra de tristeza o envolvia.

— O que aconteceu, meu amor?

— Daniel morreu. — A voz dele era um fio de dor. — No ataque de ontem à noite. Ele e a garota com quem estava saindo voltaram mais cedo do boliche, antes do toque de recolher, mas o pneu furou. Ele achou que daria tempo de trocar.

— Oh meu Deus, os dois morreram?

— Ela conseguiu fugir, correram para lados diferentes. Era só um lobo, e ele foi atrás do meu amigo.

— Sinto muito, meu amor.

— Não quero passar por isso de novo, Lua. Já perdi meus pais, agora meu melhor amigo.

— Vai ficar tudo bem, vamos superar isso juntos.

Os pais de Adrian se foram há poucos meses, vítimas da brutalidade dos lobos que invadiram sua casa, Adrian não estava lá, passou a noite comigo. Achamos que algum barulho os atraiu, meus sogros foram encontrados na manhã seguinte, sem vida. Meu namorado ficou arrasado, e eu fui seu apoio constante por semanas, lutando para que comesse, para que voltasse a viver.

— Estou aqui com você, nunca vou te deixar. Você pode sempre contar comigo.

— Até quando vamos viver assim, Lua? Eu não aguento mais essa vida.

— Eu não sei, infelizmente esses bichos parecem não ter fim. Quanto mais os vampiros matam, mais deles aparecem.

Abraçamos um ao outro, compartilhando a dor da nossa existência e a perda de mais um ente querido. Daniel não foi o único a morrer naquela noite, as notícias traziam mais nomes, mais famílias destruídas.

Meu Deus, isso nunca acaba.

...

Cheguei em casa e encontrei minha mãe chorando. Procurei minha irmã com o olhar e um aperto frio me invadiu o peito.

— Cadê a pirralha? — vi minha irmã descendo as escadas, arrastando uma mala roxa enorme. — O que está acontecendo?

— Fomos aceitas filha.

— Aceitas onde?

— Vamos para a Brigada, vamos ver os vampiros de perto. — Os olhos da minha irmã brilhavam de excitação. Ela era fascinada por vampiros, sonhava em se tornar um, o que eu achava um absurdo.

— Isso é sério?

— Me ligaram hoje de manhã, eles precisam de mais médicos e estão dando prioridade a estrangeiros.

Eu não conseguia acreditar, era maravilhoso. A Brigada era o lugar mais seguro que existia, lar de centenas de vampiros que viviam em paz com humanos. Nenhum lobo conseguia entrar lá, não passavam vivos dos portões. Quando surgiu a ideia de irmos para lá, pesquisei sobre os vampiros de lá e vi que eles se davam bem com humanos. Eles obedeciam a um líder, o poderoso Conde Eros, o chefe de todos os vampiros.

— Arrume suas malas, partimos amanhã de manhã.

— Isso é incrível mãe, não acredito que vamos ter paz. O Adrian vai ficar tão feliz, ele está tão triste hoje.

Eu ainda não conseguia acreditar, será que finalmente teríamos paz. Pelo menos na Brigada não precisaríamos nos esconder dos lobos. O trabalho de nos manter seguros seria dos vampiros.

— Filha, me desculpe.

— Pelo quê?

— Adrian não pode ir conosco.

— Como assim? Ele é meu namorado!

— Eu tentei incluí-lo, mas namorado não é parente.

— Você está dizendo que ele não vai?

— Sinto muito, meu amor.

Senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

— Você acha mesmo que vou deixá-lo? Adrian está praticamente sozinho, perdeu os pais, não tem irmãos e agora seu melhor amigo morreu.

— Eu tentei filha, mas eles foram claros. Eu só podia levar minhas filhas.

— Eu não vou sem ele.

— Isso não está em discussão Luara. Jamais vou te deixar aqui.

— Podemos dar um jeito, Lua. Nós vamos e procuramos um jeito dele ir depois. — Minha irmã disse, e isso só aumentou minha raiva.

— Não faz sentido ir sem ele, eu não vou e pronto.

— O que não faz sentido é deixar você aqui. Arrume suas malas, agora! — Minha mãe disse, e eu fui para meu quarto, furiosa e desesperada.

...

Adrian não aceitou que eu ficasse. Ele disse que eu e minha família precisávamos nos proteger, e essa era uma grande oportunidade. A despedida foi dolorosa, eu insisti, querendo ficar, mas ele acabou me convencendo. Jurei a ele que daria um jeito de conseguir permissão para ele ir. Implorei para que ele se cuidasse e não saísse à noite, muito menos se chovesse de dia.

Eu ia conseguir essa permissão, custe o que custasse. Adrian só tinha a mim, eu não ia abandoná-lo.

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