Román não levantou a cabeça. Ficou em silêncio. O chefe de segurança —Mauricio Ortega, 52 anos, ex-policial, duas filhas adultas— permaneceu alguns minutos, com o boné entre as mãos, e depois saiu lentamente, deixando o ar menos denso.
O celular de Isabella vibrou no bolso. Ela o tirou sem pensar. Na tela, um nome que sempre fazia Isabella sorrir: Eva, a Eva de toda a vida, sua amiga. O horário coincidia com seu compromisso ritual de meia hora. Román segurou o telefone por alguns segundos. Olhou para o contato como quem olha para uma janela acesa do outro lado da rua. Não respondeu. Guardou o celular novamente, com a sensação de ter fechado uma porta que não podia abrir.
—Desculpe —murmurou.
***
Num estado que oscilava entre a consciência e a inconsciência, ouvi:
—Isabella, vamos dormir um pouco —diz uma voz feminina, gentil—. Precisamos que o corpo descanse para que possamos trabalhar por você.
Quero dizer “obrigada”. A palavra não consegue sair, uma lágrima rola pelo meu rosto e ent