O cheiro de sangue e terra molhada pairava no ar, misturando-se com o eco dos motores dos tratores que se afastavam às pressas, seus pneus rasgando a terra úmida. A vingança de Daniel, embora interrompida pela fúria de Kael, havia deixado uma marca brutal e definitiva na floresta e em todos eles. O silêncio que se seguiu ao caos era pesado, carregado de luto e da gravidade de um sacrifício.
Lívia, com o corpo trêmulo e o coração em frangalhos, estava ajoelhada ao lado do corpo de lobo de Silas. Suas mãos, antes macias e acostumadas a virar páginas de livros, estavam agora manchadas de sangue. O toque dela era de total compaixão e luto. As lágrimas escorriam por seu rosto, misturando-se com a pelagem macia e escura do lobo que a havia salvado. A imagem de Silas a defendendo do tiro de espingarda de Daniel ficaria para sempre em sua memória. Era uma imagem de bravura e amor, o tipo de amor que ela jamais imaginaria.
Kael se ajoelhou ao lado de Lívia, voltando à sua forma humana, mas ain