POV: Lorenzo
Carolina do Norte nunca me pareceu tão sombria.
O céu já clareava quando saímos do galpão. O cheiro de pólvora ainda grudado nas roupas. Ricco foi à frente, com parte dos homens protegendo o perímetro. Eu não soltava Estela. E ela… não soltava a mim.
Isa estava desacordada nos braços da mãe, que mal conseguia andar. Peguei Estela pela cintura quando vi que ela mal conseguia manter o equilíbrio. Era leve demais. Machucada demais. Mas ainda firme. Forte. Indestrutível, como sempre foi.
Quando entramos no carro que nos levaria até o hotel, olhei para ela. E pela primeira vez em muito tempo, senti medo.
Não era o medo da morte. Era o medo de perder.
O silêncio do carro era sufocante. O tipo de silêncio que vem depois da guerra. Os olhos da mãe dela varriam a estrada como se o monstro ainda pudesse aparecer. Estela se recostava no meu ombro, agarrada ao meu casaco como se eu fosse o único lugar seguro do mundo.
E talvez eu fosse.
Chegamos ao hotel. Um cinco es