ROSÁLIA DUARTE
A segunda-feira chegou como um despertador tocando no meio de um sonho bom. Mas, diferentemente de todas as outras segundas-feiras da minha vida, desta vez eu não acordei sozinha, nem com pressa para pegar o metrô ou táxi.
O carro de Celso estacionou suavemente na calçada em frente ao prédio da Tamiso Consultoria. O motorista, discreto como uma sombra, manteve o veículo parado enquanto Celso se virava para mim no banco de trás.
Ele estava lindíssimo em um terno cinza-chumbo, era a imagem perfeita do poder.
— Chegamos — ele anunciou, mas não fez menção de abrir a porta. A mão dele encontrou a minha sobre o banco de couro, entrelaçando nossos dedos.
— Chegamos — repeti, sentindo um frio na barriga familiar. — Tenho que entrar, Celso.
Celso sorriu, levando minha mão aos lábios e beijando os nós dos dedos.
— Não vai me dar um beijo antes de sair?
Inclinei-me e dei um selinho rápido nos lábios dele. Foi um toque suave, apenas um roçar de bocas, adequado para