Casal 2: 25 - Seu cunhado

ROSÁLIA DUARTE

A segunda-feira chegou como um despertador tocando no meio de um sonho bom. Mas, diferentemente de todas as outras segundas-feiras da minha vida, desta vez eu não acordei sozinha, nem com pressa para pegar o metrô ou táxi.

O carro de Celso estacionou suavemente na calçada em frente ao prédio da Tamiso Consultoria. O motorista, discreto como uma sombra, manteve o veículo parado enquanto Celso se virava para mim no banco de trás.

Ele estava lindíssimo em um terno cinza-chumbo, era a imagem perfeita do poder.

— Chegamos — ele anunciou, mas não fez menção de abrir a porta. A mão dele encontrou a minha sobre o banco de couro, entrelaçando nossos dedos.

— Chegamos — repeti, sentindo um frio na barriga familiar. — Tenho que entrar, Celso.

Celso sorriu, levando minha mão aos lábios e beijando os nós dos dedos.

— Não vai me dar um beijo antes de sair?

Inclinei-me e dei um selinho rápido nos lábios dele. Foi um toque suave, apenas um roçar de bocas, adequado para
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