CELSO MIRANTES
Assim que a porta se fechou, isolando Rosália na segurança do interior da cobertura, a civilidade sumiu completamente.
Virei-me para Célio. Ele estava parado ali, pingando água clorada no meu deck de teca importada, com aquele sorriso de moleque que costumava me enganar quando éramos crianças, mas que agora só me dava vontade de socar.
— O que você está fazendo aqui? Como você passou pela portaria?
— Tenho meus métodos — ele deu de ombros, caminhando até o bar externo e servindo-se de uma dose de uísque sem pedir. — E a sua segurança é boa, não se preocupe em trocá-los. Um sorriso, uma identidade falsa bem feita, o sobrenome certo... as portas se abrem.
Ele virou o uísque em um gole só e fez uma careta.
— Você veio sem avisar. Invadiu minha casa. Assediou minha namorada... — Dei um passo em direção a ele. — É dinheiro de novo, Célio? É isso? Você perdeu em qual mesa de pôquer dessa vez?
Célio riu, servindo-se de mais uma dose.
— Você é tão maldoso, irmão