CRISTINA SANTIAGO
Levantei o olhar do meu telefone. O som da xícara de chá de Ethan batendo com força no pires de porcelana foi o que chamou atenção. O barulho foi agudo e violento.
A enfermeira, deu um passo à frente, alarmada. "Senhor? Senhora? Está tudo bem?"
Eu não olhei para ela. Eu não conseguia desviar o olhar de Ethan.
Ele estava imóvel. Completamente parado. Ele não estava olhando para mim. Estava olhando para o seu tablet, a mesma manchete brilhando na tela. Seu rosto, que minutos antes estava relaxado e satisfeito, estava agora de um branco pálido, quase fantasmagórico. Sua mão livre, apoiada na mesa, estava fechada em um punho tão apertado que os nós dos dedos estavam brancos.
Lentamente, como se estivesse se movendo debaixo d'água, Ethan levantou o olhar do tablet e me encarou.
— Isso deve ser coisa do Vicente... — ele sussurrou.
Ele se levantou da cadeira, não de forma abrupta, mas com um movimento lento e controlado que era mil vezes mais assustador do que qualquer exp