CRISTINA SANTIAGO
Eu congelei, com o telefone ainda colado na orelha. A voz de Sônia Reis. A Bruxa Má do Oeste. A mulher que havia supervisionado minha humilhação, que cuspiu em mim enquanto me expulsava de minha própria casa, a mulher que me chamou de ladra. O som daquela voz esganiçada trouxe de volta uma onda de raiva pura e fria.
Rosália, vendo a cor sumir do meu rosto, sussurrou: "Quem é?"
Levantei um dedo, pedindo silêncio. Se eu tivesse colocado viva-voz como ela pediu, acho que as duas estariam exibindo todo o seu arsenal de palavras feias em uma disputa agora.
— O que você quer? Fale logo, sua bruxa velha, ou vou desligar.
Houve um arquejo chocado do outro lado da linha. A Bruxa não esperava resistência. Ela esperava as mesmas lágrimas e fraqueza da menina que ela expulsou de casa.
— Como... como você ousa? — Sônia gaguejou, a fúria dando lugar à pura perplexidade. — Quando foi que você se tornou tão grosseira, sua menina insolente?
Um sorriso sem humor tocou meus lábios. Eu