CRISTINA SANTIAGO
A raiva é um combustível potente, mas até ela se esgota. Em algum momento durante a madrugada, entre socar travesseiros e xingar Ethan Petterson de todos os nomes feios que conhecia, a exaustão me venceu. Adormeci em um sono pesado e sem sonhos, mergulhada no meu próprio ódio.
Quando acordei, porém, a fúria estava de volta, renovada e afiada. O sol da manhã entrava pela fresta da cortina, mas para mim, o mundo continuava escuro. A primeira coisa que fiz foi testar a maçaneta. Trancada. O desgraçado ainda não decidiu me soltar.
Em vez de gritar, canalizei minha raiva para a ação. Tomei um banho, vesti um terninho, calcei meus saltos mais altos e fiz minha maquiagem. Sentei na beirada da cama, de braços cruzados, e esperei. A paciência não é uma das minhas virtudes, mas a previsão de explodir com aquele idiota assim que ele abrisse a porta era um incentivo e tanto.
O som da chave girando na fechadura foi como o gongo soando para o segundo round.
A porta se abriu e Etha