CRISTINA SANTIAGO
A dor da última contração diminuiu, deixando-me trêmula e suada no chão frio de concreto. Cada segundo de silêncio era um segundo a mais longe de ajuda médica, um segundo a mais de risco para o meu bebê prematuro.
— Ethan... — chamei novamente, minha voz fraca, quebrada pelo choro. — Por favor...
Foi então que eu ouvi.
Primeiro, foi uma vibração no chão, fazendo os cacos de vidro perto da minha mão tremerem. Depois, o som. Um som rítmico, grave e poderoso que crescia rapidamente, engolindo o silêncio daquele lugar esquecido por Deus.
O vento começou a uivar pelas frestas das janelas vedadas com papelão. A poeira do teto de amianto começou a cair como neve suja.
Helicóptero.
Meu coração disparou, uma injeção de adrenalina pura cortando a névoa da dor. Ele tinha vindo.
O barulho tornou-se mais alto, parecia estar logo acima do telhado frágil. Tive medo de que a estrutura desabasse sobre mim, mas não me importei. Eu sabia o que aquele som significava. Em menos de dois