CRISTINA SANTIAGO
— Você tem certeza? — perguntei para Beatriz. — Ele virá?
Ela me puxou para o banheiro, abriu a torneira da pia no máximo e falou por cima do som da água correndo.
— Eles têm escutas. Em todo lugar. Provavelmente até neste quarto. — Ela gesticulou freneticamente. — Não podemos conversar. Por isso te abracei, algo que não faço desde criança.
Se Vicente era tão paranoico, é claro que ele estaria ouvindo.
— O que eu faço?
— Aja como a prisioneira assustada. Aja como eu e não confie em ninguém. — Ela olhou para a porta, com o terror estampado em seus olhos. — Eu... eu tenho que ir. Se eu ficar muito tempo, ele vai desconfiar.
Ela foi até a porta, destrancou, olhou para o corredor e saiu, fechando-a silenciosamente atrás de si. O som da água correndo no banheiro não era mais necessário então desliguei a torneira.
Eu estava sozinha. Instintivamente, minhas mãos foram para minha barriga.
Examinei o quarto. Era decorado em tons de creme e dourado, com móveis pesados e arte