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5. O Prazer de Me Ver Rastejando

Fico em silêncio por um momento, observando Nathan.

Ele finge que não me conhece, me insulta e, no final, ainda tem a audácia de j**ar a vaga como quem j**a migalhas.

— Jamais — respondo, reunindo forças para erguer o queixo. — Nunca trabalharia para você, especialmente depois do que acabou de dizer.

— Tem certeza? — ele levanta a sobrancelha. — Porque imagino que sua situação financeira está longe de ser boa.

— Prefiro morrer de fome — digo, me dirigindo à porta de novo.

— Como quiser — ele responde, voltando a olhar os papéis. — A proposta continua. Mas não demore… paciência não é meu forte.

Saio da sala sem me dar o trabalho de responder, com as pernas bambas e o coração disparado.

Quando entro no elevador, me apoio na parede, tentando respirar.

— Parabéns, Ann. Conseguiu se humilhar direitinho — murmuro, sentindo as lágrimas queimarem meus olhos. — Como pude cair naquela farsa de homem gentil?

De todas as recusas, entrevistas caóticas e propostas indecentes, essa foi a pior. A mais humilhante.

Volto para casa no automático. Só quando viro a esquina da minha rua e me aproximo do portão é que volto à realidade.

Um grupo de vizinhos está parado em frente à minha calçada, sussurrando entre si.

Quando chego em frente à minha casa, vejo o motivo.

A tinta vermelha ainda escorre na madeira branca do portão. Em letras tão grandes que é impossível ignorar:

“VADIA!”

— Meu Deus… — sussurro, levando a mão à boca.

— Ah, Ann… — Dona Gertrudes, a fofoqueira da rua, se aproxima com uma falsa preocupação. — Que situação horrível. Todo mundo está falando. Tadinha de você.

Ignoro os olhares curiosos, pego a chave e tento entrar rápido. Mas o nervosismo me faz derrubar a chave, e tenho que ouvir mais sussurros.

— Dizem que ela era amante do chefe há anos — escuto alguém comentar.

— Pobre esposa grávida — outra voz responde. — Imagina descobrir uma coisa dessas.

Finalmente, abro o portão e entro correndo, batendo-o atrás de mim.

Vou para a porta principal, querendo subir para o quarto e esquecer que esse dia existiu, mas minha madrasta me impede.

— Você viu o que fizeram, não viu? — ela coloca as mãos na cintura, negando com a cabeça. — Isso é uma vergonha para nossa família!

— Os vizinhos estão falando — meu pai entra na conversa, parando ao lado dela. — Que vergonha!

— Eu não tive culpa… — murmuro, exausta.

— Não teve? — ela ri, sem humor. — Você namorou por três anos! Se tivesse engravidado, ao menos teria garantido o nome dele, e outra mulher não teria tomado seu lugar!

— E agora olha a vergonha que trouxe para nossa família — meu pai se senta, balançando a cabeça. — Sabe quantas ligações recebi hoje? O bairro inteiro está comentando sobre a “vadia” da casa.

— Parem de me acusar! Fui enganada! — explodo. — Eu não sabia da outra mulher!

— Desculpas não me interessam, Ann! — ele rebate. — Quero saber de dinheiro. Já está procurando emprego? O aluguel está atrasado. As contas acumulando e você ainda sem nada!

— Estou tentando, mas…

— Mas, mas, mas — Margareth debocha. — Vai esperar a gente passar fome para criar vergonha na cara e arrumar um emprego? Pior, vai esperar seu irmão morrer!

Engulo em seco, me viro para sair e subo as escadas com um peso enorme nas costas.

As contas só aumentam. O aluguel atrasado. O tratamento médico do meu irmão precisa ser pago.

Nathan ofereceu justo o que precisamos. O salário seria suficiente para tirar minha família desta situação.

Mas trabalhar para ele… depois de tudo, de como me humilhou…

Talvez eu aceite, deixando claro que será só profissional. Nada além disso. Pelo menos até os boatos acabarem e eu conseguir outra coisa.

Paro diante do espelho e ensaio meu discurso.

— Sr. Prescott… aceito sua oferta. — respiro fundo, tentando parecer firme. — Mas nosso relacionamento será só profissional. Nada mais.

[...]

Na manhã seguinte, antes das 10h, chego à Evermont Industries disposta a engolir meu orgulho pelo bem da minha família.

— Gostaria de falar com o Sr. Prescott — digo à recepcionista.

— Só um momento — ela responde, pegando o telefone e discando um número.

Por poucos segundos, fala algo baixo, tão baixo que nem consigo ouvir. Então, desliga a ligação e volta a mexer no computador.

— Ele está ocupado — informa, sem nem me olhar novamente. — Pode se sentar ali e esperar. Te chamo quando ele estiver disponível.

Sento no local indicado, observando os funcionários que passam. Alguns me reconhecem. Dá para ver pelos olhares tortos, pelos sussurros disfarçados.

Dez horas viram meio-dia. Meio-dia vira 15h. Pessoas entram, saem, são atendidas. Todos confiantes, todos ocupados. E eu continuo aqui. Invisível.

A recepcionista finge que não existo, repetindo a mesma resposta toda vez que pergunto sobre Nathan:

— Ele é um homem muito ocupado. Terá que esperar.

Meu estômago ronca, mas não ouso sair para comer. Nem por um segundo.

Quando já são quase 18h, um segurança se aproxima.

— A senhorita precisa sair. O expediente já acabou.

— Mas estou esperando o Sr. Prescott…

— O Sr. Prescott? Ele nem está mais aqui — ele responde, impaciente. — Já saiu há horas.

A realidade me atinge como um soco.

Foi tudo uma brincadeira. Mais uma humilhação orquestrada por Nathan Prescott.

Saio do prédio em silêncio, com a imagem do sorriso cruel dele ontem martelando minha cabeça.

É claro que ele só quis ter o prazer de me ver voltar rastejando.

Como pude ser tão ingênua a ponto de achar que ele realmente me daria uma chance?

— Todos eles vão se arrepender — murmuro, ignorando as gotas de chuva que começam a cair. — Inclusive ele.

Principalmente ele.

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