2. Sozinha No Meio Do Caos

Empurro a porta com mais força do que o necessário, me sentindo ainda menor assim que encaro o ambiente sofisticado.

Algumas pessoas me olham, provavelmente porque estou um caos ambulante, mas, sinceramente, não me importo.

Vou direto para o bar espelhado e me sento com as pernas bambas, ainda tentando processar tudo o que aconteceu.

— Um cosmopolitan, por favor — peço ao barman, apontando para a primeira bebida que vejo no cardápio.

Ele me serve com um olhar cheio de pena. Talvez minha cara de desespero esteja mais óbvia do que imagino.

Pego o drink com as mãos trêmulas, tentando parar de chorar. Sei que preciso me recompor, mas é impossível quando meu coração parece dilacerado.

Três anos da minha vida. Dois dias sonhando com um pedido que provavelmente nem era para mim. E Robert simplesmente sumiu, me deixando sozinha no meio desse caos.

— Noite difícil? — ouço uma voz masculina atrás de mim.

Me viro e vejo um homem ruivo, alto, de terno visivelmente caro.

Os olhos azuis, frios e atentos, me observam com uma mistura de curiosidade e algo que não sei se é julgamento ou preocupação.

Ele é… impressionante. O tipo de homem que, em circunstâncias normais, nunca notaria minha presença.

Mas, claro, devo estar tão acabada que até desperto pena.

— Desculpa incomodar — ele diz, percebendo meu silêncio. — Mas parece que está precisando de companhia.

— Eu só… — murmuro, respirando fundo para não chorar de novo. — Você tem razão. Tive um dia péssimo.

— Vejo que sim — responde, apontando para a cadeira ao meu lado. — Posso?

— Claro.

— Me chamo Nathan — diz, estendendo a mão.

— Ann — respondo, forçando um sorriso fraco enquanto ele beija meus dedos.

— Então, Ann… posso saber por que uma mulher tão linda está chorando? — pergunta, enquanto sinaliza para o barman e pede um whisky.

— Você não quer passar sua sexta-feira ouvindo os problemas de uma estranha, Nathan.

— Talvez não. Mas com certeza quero fazer sua noite menos… triste — diz, se apoiando no balcão com um sorriso tranquilo. — Que tal começar desabafando?

Respiro fundo, encaro seus olhos azuis e, antes que perceba, já estou contando tudo: a traição do Robert, a humilhação pública, a demissão injusta.

Nathan escuta cada palavra com atenção. Xingando Robert nos momentos certos, me fazendo rir até sem querer.

Por algumas horas, esqueço o caos que me trouxe até aqui. Bebemos, conversamos, rimos…

Nathan é incrível. Pela primeira vez em horas, alguém me trata com gentileza.

— Que tal me deixar cuidar de você? — ele pergunta, direto, me pegando de surpresa. — Podemos terminar essa noite em outro lugar.

Minha boca se entreabre, surpresa com a proposta.

Normalmente, eu negaria e sairia correndo sem pensar duas vezes.

Mas hoje… hoje eu não sou a Ann cautelosa e racional. Sou uma mulher ferida, que só quer se sentir desejada de novo.

— Tudo bem — murmuro, com um sorriso contido. — Me surpreenda.

Nathan sorri como se tivesse acabado de ganhar um prêmio e estende a mão para mim.

Enquanto seguimos para a saída, não consigo evitar a pergunta: como um homem como ele quer passar a noite comigo?

Não que eu me ache feia, na verdade, gosto do que vejo no espelho. Mas hoje? Hoje estou um caco ambulante.

No carro, ele dirige em silêncio, e eu agradeço por não ter que forçar nenhuma conversa.

Eu deveria estar nervosa, indo para a cama com um completo desconhecido. Mas o álcool e o peso do dia me anestesiaram.

Não sinto culpa. Nem medo. Só… cansaço.

— Aqui está bom para você? — ele pergunta, entrando no estacionamento de um dos hotéis mais luxuosos de Los Angeles. — Se quiser, posso…

— Não — interrompo, tentando parecer mais segura do que estou. — Aqui está ótimo.

Nathan assente, estaciona o carro e dá a volta para abrir a porta para mim. Um gesto tão cavalheiro que me arranca um sorriso involuntário.

Após entregar a chave ao manobrista, entramos no hotel e seguimos até a recepção. Ele escolhe uma suíte que certamente custa uma fortuna, e logo estamos no elevador.

Assim que as portas se fecham, ele se aproxima, me segurando pela cintura.

— Última chance de mudar de ideia — sussurra, sem desviar os olhos dos meus.

— Não vou mudar — respondo, surpresa com a firmeza na minha voz. — Já disse: me surpreenda. Quero ver se é capaz de me fazer esquecer esse dia.

Um sorriso lento e perigoso aparece em seus lábios. Nathan encosta o rosto no meu, roçando nossos lábios.

— Vou te dar a melhor noite da sua vida.

Um arrepio percorre minha espinha, fazendo minhas pernas tremerem.

As portas do elevador se abrem antes que eu consiga responder, e seguimos em silêncio até a suíte.

Assim que entramos, Nathan me encara com um sorriso tranquilo.

— Quer beber alguma coisa? — pergunta, apontando para o bar no canto do quarto.

— Acho que já bebi o suficiente.

Ele assente, tira o paletó e o j**a sobre a poltrona.

— Vem aqui — murmura, estendendo a mão.

Me aproximo devagar, sentindo o coração acelerar. Quando toco sua mão, ele me puxa para mais perto, acariciando meu rosto com delicadeza.

— Aquele babaca perdeu uma mulher linda — sussurra antes de me beijar.

O beijo começa calmo, meio hesitante, mas quando correspondo, ele aprofunda com uma intensidade que me deixa tonta.

Suas mãos descem pelas minhas costas até a minha bunda, me puxando mais para perto. As minhas sobem pelo seu peito enquanto desabotoo sua camisa, um botão de cada vez.

Quando deslizo o tecido pelos ombros dele, mordo o lábio ao ver sua barriga definida.

— Nossa — murmuro, sem nem tentar disfarçar o olhar.

Ele sorri, satisfeito, e me levanta no colo. Minhas pernas se entrelaçam em sua cintura e ele me leva até a cama.

Nathan me deita no colchão e volta a me beijar com fome, enquanto suas mãos deslizam pela lateral do meu corpo até o zíper do vestido.

— Você é muito gostosa — murmura contra o meu pescoço.

Um gemido baixo escapa dos meus lábios quando ele percorre minhas curvas, se livrando do restante das minhas roupas.

— Nathan… — suspiro quando ele beija meus seios, descendo lentamente.

— Relaxa — sussurra, continuando os beijos pela minha barriga. — Esta noite é só sua.

Nem tenho tempo de responder antes de sentir sua boca em mim.

Ele me toca como se já conhecesse meu corpo, arrancando suspiros e gemidos que mal consigo conter. Gemo seu nome até ficar rouca.

Me perco nos toques, nos sussurros roucos, nos gemidos abafados. E quando acho que ele já me surpreendeu o suficiente, ele prova o contrário.

Após longos minutos, talvez horas, estou ofegante, deitada ao seu lado, como não me sentia há muito tempo: completamente satisfeita.

— Isso foi… uau — murmuro, arrancando uma risada dele.

— Falei que ia te surpreender.

Exausta, adormeço sem nem perceber. Mas, com certeza, durmo com um sorriso no rosto, me sentindo uma nova mulher.

Quando abro os olhos, o sol já invade o quarto. Me viro para o lado e encontro a cama vazia. Olho ao redor, mas não há nem sinal de Nathan.

Sem roupas. Sem bilhete. Nada.

Deveria me sentir usada… mas não consigo. A noite foi boa demais para me arrepender.

— Hora de voltar à realidade, Ann — murmuro, me levantando devagar. — E descobrir o que fazer da vida a partir de hoje.

Mas antes que eu possa dar dois passos, meu celular toca. É o hospital.

— Bom dia, Srta. Sterling. Estamos ligando para lembrá-la de que a taxa de internação do seu irmão, referente ao próximo trimestre, ainda não foi paga. Se o pagamento não chegar dentro de sete dias, o tratamento poderá ser suspenso.

Meu Deus… como pude esquecer algo tão importante?

E o pior? Gastei o que restava do meu dinheiro para encomendar um par de abotoaduras caras para aquele idiota, achando que ele me pediria em casamento.

Para piorar, o modelo era personalizado. Ou seja: não pode ser devolvido.

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