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CAPÍTULO 3 – BONITO E EXIGENTE

Lua notou que ficara por última na entrevista, embora houvesse chegado cedo.  

“Nossa, deve ter havido alguma desordem lá dentro... As moças que chegaram depois de mim já foram chamadas todas” — pensou, mordendo o lábio inferior.  

Tentando tranquilizar-se, murmurou:  

— Não vou me importar de ficar por último. Se isso me der mais chances de conseguir o trabalho...  

Enquanto esperava, recordou as palavras da tia Graça: "Os empecilhos não são sempre ruins. Às vezes servem para tornar a vitória maior". Além disso, a conversa com Sabrina lhe dera um fio de confiança. Mesmo sem experiência prática, sentia seu potencial pulsando.  

Após a última candidata sair, porém, ninguém a chamou. O silêncio prolongou-se por meia hora até que, decidida, Lua bateu na porta da sala de entrevistas. Sabia ser indelicado — afinal, não fora convocada —, mas precisava entender o ocorrido.  

Do interior, ouviu vozes masculinas em debate:  

— Quem pode ser?  

Uma resposta grave ecoou, impaciente:  

— Entre!  

Lua empurrou a porta lentamente, o coração acelerando em ritmo de tambor. Dois pares de olhos fixaram-se nela como faróis.  

Diante dela, dois homens pareciam ter saído do catálogo de uma revista de luxo: altos, postura regal e traços esculpidos. O primeiro, de cabelos e olhos castanhos, sorriu enquanto o olhar lhe percorria o corpo com curiosidade descarada. O segundo — cabelos negros como ébano e olhos azul-gelo — era a personificação da beleza austera. Seu rosto, porém, ostentava uma expressão entre o tédio e o fastio, o que fez Lua engolir seco.  

O de cabelo castanho-claros aproximou-se, a voz melíflua e deliberadamente sedutora:    

— Olá, querida. O que deseja?  

Lua engoliu seco, as palmas das mãos úmidas contra as costuras do vestido:  

— Be… bem, eu sou uma das candidatas… Acredito que houve um equívoco, pois até agora não fui chamada!  

O homem de olhos azuis-gelo remexeu os papéis com impaciência cortante:  

— Como se chama?  

— Lua Fernandes, senhor!  

— Belo nome. Tão bonito quanto a dona! — O moreno inclinou-se sobre a mesa, o sorriso deliberadamente provocante.  

Ela corou, interrompida pela voz glacial do outro:  

— Está de brincadeira? Seu nome não consta aqui. — Bateu o dedo no documento. — Havia nove candidatas. Entrevistei todas. Se chegou agora, lamento, mas o horário estava claramente especificado no anúncio.  

Lua piscou, desconcertada:  

— Mas cheguei antes das quatro últimas senhoritas que entraram! Inclusive, no horário exato!  

Rodrigo Alcântara (pois era ele era o CEO da empresa) cruzou os braços, erguendo um sobrolho que poderia congelar vulcões:  

— E como explica isso, senhorita Fernandes? — Apontou para a pilha de currículos como se exibisse prova cabal de sua culpa.  

Ela endireitou as costas, a voz firme apesar do nó na garganta:  

— Entreguei meu currículo à recepcionista. Ele veio com os demais. Além disso, enviei-o há uma semana e fui pré-selecionada. Por isso estou aqui.  

— Pré-selecionada?! — A pergunta ecoou como um estampido.  

Ela confirmou com um aceno seco.  

— Nome completo. Agora. — Suas mãos voaram sobre o teclado enquanto digitava furiosamente no computador.

— Lua Fernandes Garcia.  

Três cliques secos. O silêncio que se seguiu foi rompido por um rugido:  

— Veja só, Júlio! Que pérola de incompetência é sua assistente! Um trabalho simples, eu nem sequer pedi isso a ela, pois não era a sua função, no entanto ela mesmo se dispôs a fazer, no lugar de Silvia que está de licença, e ela me causa esse vexame!  

Júlio aproximou-se da tela, os olhos arregalados:  

— Hanna nunca cometeu erros assim…  

Rodrigo esfregou as têmporas, cada palavra uma lâmina:  

— Cronograma arruinado. Reunião com os franceses em 20 minutos. E agora essa… — O olhar azul-ardente perfurou Lua, misturando fúria e algo que ela não ousou decifrar.  

Júlio conhecia o seu amigo e sabia que a ordem era crucial para ele, por isso entendia a raiva dele, visto que havia cronometrado o tempo de entrevista com as candidatas e agora já havia dado por encerrado.

Júlio, examinando o currículo na tela, virou-se para Rodrigo com um assobio admirativo:  

— Nossa! Apesar da pouca experiência na área, ela tem potencial. E olhe só — fala francês fluentemente!  

Tocou o ombro do amigo, ciente da irritação contida, e assumiu a dianteira com diplomacia:  

— Senhorita Fernandes, o erro foi nosso. Peço desculpas pelo transtorno. Podemos remarcar sua entrevista para amanhã? Temos uma reunião crucial agora e...  

Um bater de portas interrompeu-o. Sabrina invadiu a sala com seu habitual ímpeto:  

— Que bom que estão... — parou ao avistar Lua. — Oi, olá!  

Lua sorriu, aliviada com a presença da nova amiga:  

— Olá, senhorita Sabrina!  

A designer franziu o cenho, conferindo o relógio de pulso:  

— Desculpe, Rodrigo! Não sabia que ainda estavam entrevistando.  

Júlio interveio rápido:  

— Não estamos. Houve um... pequeno equívoco. O currículo da senhorita desapareceu.  

Rodrigo ergueu os documentos com um gesto cortante:  

— Se prefere chamar incompetência de "equívoco", problema seu. — A voz baixa com ar de ferrugem queimava o ar. — Mas “mais tarde” quero uma explicação da sua protegida.  

Lua baixou os olhos, agradecendo silenciosamente por não ser o alvo daquela fúria azul.  

Rodrigo encarou Sabrina, a voz cortante:  

— Agora diga: o que veio falar?  

Sabrina, conhecedora do humor volátil do amigo, foi pragmática:  

— Infelizmente, mais problemas. Os sócios estão a caminho, mas o intérprete sofreu um acidente e não virá.  

— **Que droga!** — O punho dele bateu na mesa, fazendo os papéis voarem. — Já contactou outros?  

— Sinto, Rodrigo. Se fosse inglês, seria fácil...  

— Droga, Sabrina! Inglês **eu** também sei falar! — rugiu, esgotado.  

Júlio interveio, apontando para Lua:  

— Espere! Acabamos de ver que a senhorita Fernandes fala francês fluentemente. Por que não...?  

Rodrigo girou lentamente a cadeira, os olhos azuis-gelo perfurando Lua:  

— Sabe realmente falar francês, senhorita Fernandes? — A voz arrastou-se como um fio de navalha. — Ou pôs isso no currículo só para impressionar?  

Sob aquele olhar predatório, Lua sentiu suas mãos suar. As pálpebras tremeram antes que respondesse, com a voz trêmula:  

— Si… sim, senhor Alcântara. Eu sei.  

Os três trocaram olhares carregados de desconfiança. Lua engoliu a frustração de ser vista como impostora, enquanto Rodrigo inclinava-se sobre a mesa, cada sílaba uma ameaça:  

— Espero que sim. Esta reunião é vital para a empresa. Nada — absolutamente nada — pode falhar. Fui claro?  

Sacudindo a cabeça, ela respondeu:  

— Sim, senhor Alcântara.  

— Ótimo. Se realmente se sair bem — os lábios dele se curvaram num meio-sorriso cínico —, considere-se empregada.  

Lua engoliu seco. As palavras ecoaram como uma sentença, não uma promessa. Sabrina, percebendo o desespero mudo da jovem, interveio com um sorriso maternal:  

— Perfeito, Lua! Você veio mesmo como uma bênção hoje.  

— Um anjo, aliás — Júlio apoiou os cotovelos na mesa, o olhar a devorar-lhe as curvas —, que é exatamente o que você parece.  

Sabrina lançou um olhar de advertência ao irmão antes de completar:  

— E tenho certeza de que se sairá super bem. Julgamentos só depois do trabalho, certo?  

Rodrigo assentiu com relutância, os olhos ainda colados em Lua como uma sombra. Sabrina tocou-lhe o braço gentilmente:  

— Pode me acompanhar à sala de reuniões, querida?  

Ela seguiu em passos trêmulos, sentindo o peso do olhar de Rodrigo nas costas.  

“Por Deus... As mulheres estavam certas. O senhor Alcântara é deslumbrante, mas esse olhar... Parece uma faca dissecando cada falha minha.” 

Mal saíram, Júlio virou-se para o amigo com um sorriso malicioso:  

— Eu sei. Também achei ela... deslumbrante.  

— Do que está falando? — Rodrigo fechou a pasta com um estalo seco.  

— Do seu olhar para a senhorita Fernandes. Quase derreteu o gelo dos seus olhos azuis.  

— Mulher nenhuma me impressiona — ele ergueu-se, ajustando o blazer com um puxão brusco. — E você sabe exatamente o porquê.  

Júlio encostou-se na parede, os braços cruzados:  

— Concordo. Mas há algo nela... Não sei se é o ar de inocência ou essa aura de — procurou a palavra — luz. Diferente de todas que passaram por aqui.  

Rodrigo soltou uma risada áspera, o sarcasmo tingindo cada sílaba:  

— Inocência? — O olhar gelou. — Isso morreu na Idade Média, amigo. E a senhorita Fernandes — a voz arrastou o título como um insulto — não é exceção. Agora chega de devaneios. Vamos ver se essa "bênção" não vira maldição na reunião.  

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