Capítulo 27 – A Voz Aprisionada
O carro cortava as ruas encharcadas em silêncio. As gotas de chuva batiam no para-brisa como dedos nervosos tamborilando. Lucas mantinha as mãos firmes no volante, mas os olhos estavam pesados, fixos em nada. Isabela, no banco do passageiro, segurava a fita cassete contra o peito, como se temesse que desaparecesse caso a deixasse solta.
— Você não acredita nele, acredita? — perguntou Lucas, quebrando o silêncio.
Isabela demorou alguns segundos antes de responder. Sua voz saiu baixa, quase engolida pelo som do motor.
— Eu não sei no que acreditar. Mas eu sei de uma coisa: se essa fita contiver a voz da minha mãe… eu preciso ouvir.
Lucas apertou o maxilar. O nome dela parecia ácido em sua boca.
— Ele pode ter forjado tudo. Um truque barato para nos dividir.
Isabela o encarou, os olhos marejados, mas firmes.
— E se não for? E se minha mãe realmente estiver envolvida? Você quer que eu viva na ignorância?
O silêncio voltou, mais pesado que antes.
Quando cheg