O céu ainda nem clareou completamente quando Miguel calça as botas, pega o tablet e cruza o terreiro do Sítio Maia. O orvalho da madrugada ainda adorna a grama, e a luz dos primeiros raios do sol recorta a silhueta dos galpões modernos como uma promessa de mais um dia de trabalho. Ele não gosta de perder tempo. A precisão dos dados, o controle da produção, os cuidados sanitários, tudo depende da sua atenção. Mas hoje, há algo diferente no ar. Um incômodo sutil, como se algo estivesse por acontecer… ou por ser revelado.
Com os gestos firmes de quem domina a rotina, Miguel inicia o circuito pelos galpões. Primeiro os pintinhos, pequenos e frágeis, aquecidos sob o controle térmico das lâmpadas. Em seguida, segue para os galpões dos frangos em fase de terminação. Observa, anota, confere os dados nos sensores automáticos. Tudo em ordem. Mas a mente dele não está. Um vazio o acompanha em silêncio, uma ausência que se traduz em nomes: Marta. E Lua.
De volta à casa, o aroma de café fresco e p