A anti sala da UTI neonatal tem cheiro de álcool, silêncio e promessas. É um santuário de aço e esperança, onde cada som é contido, cada respiração medida. Mas para Jonathan, que cruza o limiar com os pés pesados e o coração em disparada, aquele lugar se transforma em altar. As mãos dele tremem levemente, não de medo, ele enfrentou guerras, perdas, mortes, mas de algo muito mais vulnerável, o amor.
Veste o avental com lentidão, quase como se estivesse se preparando para um ritual. A touca, a máscara... tudo parece querer esconder o homem que, por dentro, já não é mais o mesmo. E então, a voz suave da enfermeira ecoa, cortando o silêncio.
— Senhor Schneider... ela está pronta para o contato pele a pele, se quiser.
"Se quiser?" Jonathan quase sorri. Como se ele pudesse não querer.
Seguindo a mulher até o berçário, os olhos dele varrem o espaço com ansiedade disfarçada. E então, ele a vê. Lá, sob a luz tênue da incubadora, uma vida tão pequena que parece caber num sussurro. Lua.
O tempo