Ainda é madrugada quando o céu começa a mudar de cor, como se o mundo inteiro respirasse fundo antes de acordar. Uma brisa fria entra pela janela entreaberta, espalhando um leve perfume de jasmin pela casa silenciosa. O céu, antes escuro, agora se veste de tons azulados e rosados, anunciando um novo dia, mas dentro daquele quarto, o tempo ainda parece suspenso, preso entre o que foi e o que ainda não aconteceu.
Na cama, dois corpos dividem o mesmo espaço. Tão próximos em centímetros... e tão distantes no que ainda não foi dito. O lençol amassado cobre parte das pernas de Darlene, mas seu corpo inteiro está em alerta, mesmo sem se mover. O som da respiração de Eduardo atrás dela é constante, sereno. Mas o que mais a inquieta é a familiaridade daquele toque, o braço dele, envolto em sua cintura, a mão repousando com naturalidade sobre o seu ventre, como se o tempo não tivesse passado. Como se as mágoas não tivessem existido.
Darlene abre os olhos devagar, sentindo o coração acelerar no