O sol não deveria doer. Não desse jeito. Cassandra Reimann caminha devagar pela calçada, e cada passo é um lembrete cruel de que não é mais quem foi um dia. Antes, era a mulher imponente do Grupo Schneider, a temida chefe do RH que decidia destinos com uma simples assinatura. Seu salto alto ecoava nos corredores como martelo de juiz, e seu perfume caro anunciava sua chegada antes mesmo de alguém vê-la. Agora, não há salto, não há perfume. Só o arrastar de chinelos baratos e o fedor das ataduras velhas coladas às feridas que ainda não cicatrizaram por completo.
O moletom com capuz cobre sua cabeça, mas não esconde as marcas do inferno que sobreviveu. E os olhos das pessoas não perdoam.
Um grupo de jovens a encar