O céu amanhece pesado, como se o próprio universo sentisse o gosto amargo da despedida que se aproxima. Uma névoa suave cobre os campos da fazenda, e o canto tímido dos pássaros não consegue esconder o silêncio melancólico que envolve o ar. Lá dentro, o cheiro de café fresco preenche a cozinha, mas nem ele é capaz de disfarçar o peso que se aloja no peito de Eduardo e Darlene. Hoje é domingo. E domingo, desta vez, não significa descanso, significa adeus, ainda que provisório.
Darlene está descalça, com um short jeans e uma camisa larga que cai no ombro, cabelos presos de qualquer jeito. Eduardo a observa enquanto ela corta frutas com naturalidade, e tudo nela grita lar, calma e certeza. Ele se aproxima, a envolve pela cintura e deposita um beijo silencioso no pescoço dela. Ela não diz nada. Nem ele. Ambos sabem que precisam conversar. Mas nenhum dos dois tem coragem de romper o instante em que ainda estão juntos, onde o tempo não passou e o adeus ainda não é concreto.
— A gente precis