Se não fosse o boi mugindo no fundo, Miguel diria que Eduardo estava prestes a desmaiar. Porque ali, no meio do calor do curral e do desespero paterno, o homem que nunca teve medo de nada parecia prestes a se dissolver em angústia só por ver sua grávida dirigindo um caminhão. Miguel quase achou que ia precisar usar RCP no próprio cunhado — e nem era de um infarto, era de puro ciúmes misturado com pânico.
Agora, com a poeira baixa e o sol subindo, Miguel gira o volante do carro com calma rumo à clínica recém-instalada no centro da cidade. O consultório da doutora Mariana Rossi. Sua namorada. Sua médica favorita. E, nas últimas semanas, sua ponte entre o amor e o caos.
Estaciona, ajeita a camisa, passa a mão no cabelo e entra. O ambiente tem aquele cheiro de lavanda misturado com álcool gel. Profissional e acolhedor, como ela. Ele cumprimenta a recepcionista, que já o conhece.
— Bom dia, Miguel Maia! — ela brinca, com um sorriso.
— Só Miguel, por favor. O único diploma que eu tenho é o