Gabriel
Chegamos à minha cabana já com a noite avançada. Passava das 21h, e a chuva ainda caía fina, como se quisesse nos acompanhar até ali. Estávamos encharcados, exaustos, e o frio começava a se infiltrar nos ossos. Precisávamos nos livrar daquelas roupas molhadas para não corrermos o risco de um resfriado. Ela permanecia calada desde o momento em que a coloquei no carro. O silêncio dela era pesado, quase palpável, como se cada respiração fosse um esforço para não desmoronar.
Saí primeiro e fui abrir a porta para ajudá-la a descer. — Você consegue sair? — perguntei, tentando soar calmo.
Ela apenas assentiu, ainda de cabeça baixa, os cabelos colados ao rosto pela água.
— Não tenha medo — disse em voz branda, sem querer que se sentisse ameaçada. — Vou conseguir algo para você se trocar. Se continuar com essa roupa molhada, pode adoecer.
Foi então que me olhou pela primeira vez desde que a resgatei. Mais uma vez, fui impactado por aqueles olhos cor de esmeralda. Eles expressavam