📓 Narrado por Miguel Satamini — Segunda-feira
Eu vi. Cada detalhe.
O jeito que Clara quase caiu, o braço dela preso na mão de Lacerda, aquele sorriso maldito dele. Mas o que me fez travar não foi o toque. Foi a expressão dela. O impacto nos olhos, como se estivesse desarmada. Como se, por um instante, tivesse se esquecido até de mim.
E foi aí que perdi a paciência.
Puxei Clara pro meu lado sem pensar. Não sei se foi proteção ou posse. Talvez os dois. O que sei é que a sensação do braço dela na minha mão me incendiou, e a de vê-la sendo tocada por ele me corroeu.
Ele demorou de propósito, o filho da puta. Soltou devagar, como se estivesse provando que só largava porque queria.
Clara ficou atrás de mim, quieta, e pela primeira vez percebi a respiração curta dela. Era medo? Era nervoso? Ou era o mesmo veneno que corria em mim?
Eu quis dizer alguma coisa, qualquer coisa. Mas calei. A verdade é que não sei por que fui tão duro com ela antes. Não sei por que precisei cuspir a