**Narrado por Clara**
O táxi me deixou em frente ao prédio pouco depois das nove horas da manhã. O dia já estava quente, mas eu me sentia gelada por dentro. Não era medo, mas sim uma sensação de contenção. Passei a última hora segurando uma dor profunda, um ardor intenso, e uma febre que se escondiam sob a maquiagem e o tecido das minhas roupas.
O elevador subiu lentamente, rangendo como sempre fazia. O espelho da cabine refletia uma imagem perfeita: meu cabelo estava bem arrumado, a maquiagem parecia impecável e meu blazer ainda estava agilmente alinhado. Eu parecia pronta para uma reunião qualquer, pronta para um jantar fora, pronta para sorrir para as câmeras que me rodeavam. Somente eu sabia que, por trás dessa imagem, minha pele gritava por socorro.
A porta do meu apartamento se abriu com o mesmo estalo de sempre. Entrei, depus os saltos em um canto perto do sofá e joguei a bolsa sobre a cadeira. O silêncio acolhedor do meu pequeno lar me envolveu como um abraço familiar. Aqui, n