Everton Narrando
No outro dia, o sol ainda nem tinha dado as caras direito quando eu acordei com Priscila se enroscando em mim, o corpo dela quente encostado no meu, a respiração tranquila. A noite anterior tinha sido perfeita. A gente jantou com a dona Neuza, riu, comemorou, e depois… bom, depois foi só a gente dois. Eu não queria que aquele momento acabasse nunca.
Levantei primeiro, fui pra cozinha preparar o café do jeito que ela gosta, pão na chapa, café forte e fruta cortadinha. Priscila apareceu logo depois, com aquele cabelo bagunçado que eu amo e a cara de sono mais linda do mundo. Sentou-se à mesa, deu um sorriso preguiçoso e pegou uma fatia de mamão.
Mas bastou ela colocar o primeiro pedaço na boca que parou de repente, fechou os olhos e soltou um suspiro estranho.
— Tá tudo bem, amor? — perguntei, já me levantando.
Ela não respondeu. Levantou da cadeira num pulo, com a mão na boca, e correu direto pro banheiro. Eu fui atrás, claro, preocupado.
— Priscila? — chamei da porta